terça-feira, 30 de junho de 2009

meu lado minimalista é assim




a questão de sempre

ser ou não ser. a antiga e eterna questão. vamos combinar que, no entanto, são poucos os que refletem sobre o que ela quer realmente dizer.talvez porque ser exige coragem, vontade, honestidade consigo mesmo em primeiro lugar, um ouvido limpo voltado para o seu interior e o outro para o interior do outro. ser não rejeita desafios e acaba por criar ampla visão.não é o caminho do mais fácil, muito menos circular como se estivesse num eterno encontro social, bancando o que sabe conviver, sem jamais se envolver.o não ser sempre fará o papel da obstrução, desde que a chamada humanidade existe.pior de tudo é a omissão,ainda mais quando vem carregada de justificativas que não resistem à razão.(lembra, davi, quando o zé cortou uma acácia imensa que em determinada época do ano fazia o chão virar um espesso tapete dourado? e ele retrucou, quando você reclamou: flor só serve pra sujar e ter que varrer, melhor cortar.e você comentou comigo: eu gosto do zé porque ele é declaradamente do mal e assim você sabe com quem está lidando.o duro é esse pessoal que finge ser algo que não dá pra saber o que é).o que mais me choca não são os zés, são os ninguéns. são os ninguéns que alimentam o obscurantismo e o fanatismo.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

em construção

bem, é verdade, ela pensou, havia uma melancolia que insistia em entrar.desta vez foi a sua querida anis nin quem a abraçou (como fizera tantas vezes) e lhe contou: chorei porque não era mais uma criança com a fé cega de criança. chorei porque não podia mais acreditar e adoro acreditar.não,ela não chorava. a melancolia insistia porque ela também não podia mais acreditar.e adorava acreditar. então, anais a revigorou (ela confiava na sua invencivel capacidade de amar) e falou : o único transformador, o único alquimista que muda tudo em ouro, é o amor. o único antídoto contra a morte, a idade, a vida vulgar, é o amor. ela detestava a vida vulgar,os instintos rudes e apetites grosseiros que certas pessoas tentavam esconder por trás de imagens fake, por total falta de capacidade para amar. sim,ela havia permitido que a vulgaridade entrasse no seu espaço de entrega.isso já acontecera algumas vezes. mas agora não iria acontecer mais. ela não chorava. mantinha o costume apenas (que já já iria mudar, afinal ela se conhecia) de lamentar por aqueles que nada conseguiam enxergar, que tinham sobre si mesmo uma imagem tão mentirosa que só sabiam mentir, sem nenhuma outra alternativa.lembrou-se de quando era pequena, na escola, quando alguém era flagrado com comportamento humano hiper adulterado, as crianças falavam: ih abriram as portas do hospício. pronto, agora que escrevera, expulsara a melancolia.não apreciava a inércia ou o vazio que nada cria, só copia,não tem pulsação.apreeciava os loucos lúcidos que rompem com a demente dormência da maioria, esses sim.ela só acreditava em harmonia baseada em justiça e verdade. lembrou que ontem, antes de dormir, leu tolstoi afirmando: "em meu interior vive o amor à justiça e à verdade, mas ao mesmo tempo existe uma ira contida contra o que é falso e perverso. cada passo que dou na vida é uma luta contra a perversidade". são palavras que amo, comentara o seu mestre poeta e escritor.ainda bem que era capaz de sentir melancolia na dose certa, como alarme que apura o discernimento, era capaz de levantar-se e reagir.jamais iria fugir ou fingir não estar vendo a realidade.não era de seu feitio alimentar a ignorância nem a falsidade.muito menos nenhuma forma de alienante compaixão.


domingo, 28 de junho de 2009

é lá onde o meu coração está


à noite, um sol de bens para bens

e fiquem em casa tomando sakê. ok, recomendação aceita. o vestido solar sempre ali nos meus interiores, à espreita. que bom celebrar um dia tão especial contigo. entre mil taças de vinho nesta madrugada, saio falando tudo o que sinto, vejo o seu olhar se entregar e sinto desejo de divulgar,para quem não acredita, que é muito bom casar (o amor libera, jamais encarcera).tesão que aumenta com o tempo. tesão que vem da pele sim e da admiração sempre crescente. hoje descubro e brinco, mas é verdade, que foi com você que perdi a virgindade.... risos, nós sabemos que isso está longe de ser literalmente a verdade. pra você nem preciso explicar,você entende quando eu te olho,foi com você que consegui conviver com todas as nossas luzes e sombras e manter a paixão acesa.isso é que é perder a virginidade.fazer de todos os nossos encontros a primeira vez.alquimia consentida, afinidades realmente eletivas.agora canto pra ti: i have faith in all you do...just call my name and i'll be there. parabéns pra você nesta data tão querida. você cria bens que estão além de qualquer preço.just call my name and i'll be there. here, there and everywhere.

sábado, 27 de junho de 2009

o que mais dizer?

enquanto fico olhando pra tela, pensando em michael jackson, pousa um tucano amarelo e vermelho na minha janela. suas cores ficam mais fortes ainda em contraste com o céu cinzento do frio de hoje. ele grita, o tucano. eu adorava ver michael dançar.ontem fiquei dançando junto com ele. foi o meu jeito de homenageá-lo.enviei meus desejos para que ele faça essa sua última tournée pela eternidade com sucesso e feliz. afinal , de 50 anos de vida, foram 45 de brilhante e genial talento.como o caetano , também acho michael moralmente superior a esses pais que o processaram. e a sua genialidade sempre foi maior de que todos os sofrimentos por que passou desde criança.assim como todo mundo, eu também estranhava o rosto dele que ia mudando, o nariz me incomodava mais que tudo, mas eu o achava bonito.agora apareceram mais dois tucanos.pulam nos galhos e voam felizes soltando a voz entre as folhas da figueira da índia.sempre apreciei a alegria dos pássaros que não estão nem aí se o dia está ensolarado ou nublado, seguem vibrantes em busca de alimento enquanto conversam e trocam informações em forma de música. there's a choice we're making,we're saving our own lives, it's true we'll make a better day just you and me. ai, michael, esse 'you and me' é tão amplo, né? compreende quem quer,né? você era viciado em analgésicos, dá pra entender..................................................................

quinta-feira, 25 de junho de 2009

isso é muito bom


não gosto quando fico esvaziada. mas também não fujo desse lugar. viajo nele como uma jornada intergaláctica.sei que dali só posso chegar num novo lugar. e amo lugares novos, um novo olhar. não driblo tristeza nem melancolia com nada, nem com caipirinha. só com silêncio e arte.aguardo o momento certo para celebrar. ontem me dei de presente esse sofá que saiu do quadro de botticelli em florença para a moroso design em milão, onde nasci.o nascimento da vênus. a musa do pintor que inspirou minha mãe a me dar o mesmo nome. gente que jamais abaixou a cabeça para repressão, fez a arte viver e ultapassar os limites do tempo.fiquei olhando, me imaginando sentada sobre ele, a musa fiorentina me inspirando. foi bom. amanheci outra. mais consciente sobre a arte que vivo no dia a dia e que ninguém pode tirar. ganhei hoje de presente um poema lindo de uma amiga muito especial. chorei de emoção por conhecer pessoas tão lindas que não desistem de vibrar com a própria vida partituras únicas que enriquecem qualquer lugar.grazie mille!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

isso é bom

ah, hoje queria estar aí. nessa tenda no meio do deserto. longe daqui, deu uma canseira, uma encheção, um esgotamento que já virou esvaziamento e sei que isso é bom. cansei, cansei,cansei.deu pra entender? deu. salve a terra pois é o único planeta em que tem chocolate.hahaha.hoje me sinto a protagonista daquele filme 'mulheres perfeitas' e como a personagem da nicole kidman vejo que tem algo muito errado com essa gente toda sorrindo hipnotizada. e tem. quero ficar longe disso.nunca mais quero ver nenhuma dessas carinhas robotizadas na minha frente.assim como o fotógrafo japonês acostumado a fotografar leões in natura, responde como consegue esses flagras, eu também digo: não, não tenho paciência. apenas não sou impaciente.parou.já flagrei. cansei.não estou aqui a passeio. e mesmo a passeio, meu coração
não é brinquedo.

sorry...but i'm the queen

frase e camiseta da nova coleção de patricia vieira - rj

terça-feira, 23 de junho de 2009

despertadores

acho lindo esses relógios despertadores retrô, com flores de papel e caveirinhas, da artista lyndie dourthe. vejo nas caveirinhas um espantalho, é como se elas dissessem para tudo que só quer destruir, ali bem no meio das horas: sai daqui ! a caveira como símbolo de regeneração, de tudo o que precisa morrer para o que presta poder brotar, crescer e alimentar, gerar energia sustentável. abaixo as ervas daninhas e todas formas de insetos que só atrasam o tempo da boa colheita, só se servem da energia dos outros, sumam daqui vampiros sem ossos! elas agem como guardiães e falam o tempo todo enquanto pulsa o ponteiro de segundos: vamos construir o tempo em que as diferenças e conflitos alimentam a reflexão, o diálogo e a criatividade, em que juventude é sinônimo de coragem, justiça e real humanidade. morte à desumanidade! chega de números que giram, giram e nem sabem para que! não existe plantio nem colheita, tempo que cria, sem sabedoria. nem sabedoria sem sinceridade, amor à transparência, à harmonia da diversidade e verdade.servilismo não tem nada a ver com humildade.entre estes ponteiros não tem brecha para capetas.estamos aqui para proteger a saúde do que quer crescer sem esconder a sua real identidade,intimam as caveirinhas apenas com a sua presença. afastem-se covardes! afirmam sorridentes, no centro do relógio, com olhos de profunda paixão.as flores agradecem e expandem a sua real beleza! por favor, não me falem sobre números se eles não vierem carregados de rico conteúdo.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

tempo de segunda ou de primeira?

o tempo que (para alguns) traz qualidade,atráves de obstáculos, vitórias e celebrações e o tempo que (para outros) passa e não acrescenta nada, só revela uma identidade cada vez mais enferrujada.pra que levar o corpo pra lá e pra cá, cuspir palavras, se a percepção não acompanha? o movimento se torna em vão.se a alma está aprisionada fica assim,como aquele corpo apertado numa legging sob o vestido, a pressão só faz aumentar a celulite em toda e qualquer direção. e não tem nada a ver com idade.o tempo não é igual para todos.o tempo sempre se dispõe democraticamente. mas para alguns é artigo de segunda ou de quinta. passam pelo espaço como massas de carne ambulantes. ela pensa que o diálogo com o tempo sempre começa de dentro e é assim que cria o gozo que, ao invés de esgotar, alimenta.

sábado, 20 de junho de 2009

ilumine-se logo

luminária de diego chillò

ilumine-se logo, por favor

instalação do designer de iluminação ingo maurer em milão

estranho

ela andava circulando num lugar entre a respiração que entra e a que sai e no intervalo que existe entre as palavras que saem de todas as bocas. seus olhos não queriam facebook, seus ouvidos dispensavam ipods.nesse lugar, um beijo tornava-se diferente de todos os outros beijos, a comida adquiria uma textura nova, o vinho trazia um torpor extremamente alerta.no começo da noite caminhara por copacabana, captara sorrisos,um grupo de mulheres muito gordas de shortinhos muito curtos num frio muito ácido revirando o caminhão de lixo e um homem assoando o nariz sem lenço perto da banca com alfaces roxas.viu bolsas, sapatos, bijuterias brilhantes, tudo colado na calçada.o garoto magrela imitando a xuxa da década de 80 no sinal, com peruca e botas brancas,não, não pedia nada, só olhares. a moça na fila imensa do caixa da loja de departamentos perguntou pro namorado: se leva para uma tem que levar para a outra? ele respondeu que desde que elas não estejam juntas, não. a mãe brigou com a filha porque ela não chamou a mulher de senhora, chamou de você,tem gente que se incomoda,precisa ter educação. ela sorriu pra menina e disse que educação era outra coisa que estava muito além das palavras.corre, moça, me ajuda a abrir a sacola,disse a menina, o fiscal tá passando. o motorista estava feliz porque o filho estava namorando e não era boiola,disse ele.contou que a cunhada abandonou o marido culto e gatão , apaixonou-se por uma mulher,estava imensa e relaxada. segundo ele, mais um produto do mito xuxa.ela abandonou a fila imensa rumo ao caixa, atravessou a rua e continuou andando no vácuo entre todas as cenas. o porteiro buscou e entregou a encomenda sorrindo gentilmente, ela entrou no ônibus do metrô,ficou olhando o forte iluminado, a praia vazia,as janelas da av. atlântica recebendo a noite de sexta-feira.o jovem já bem adulto entrou no ponto do leblon, de mochila nas costas, olhou para ela como se a conhecesse,foi até o ponto final no planetário e ali ela voltou andando devagar.toca o celular, ela fala, ouve, responde, está ali,deslizando pela calçada,mas num outro lugar.


sexta-feira, 19 de junho de 2009

meus interiores

meus interiores também tem formas que se desdobram em novas formas, origamis de pensamentos e sentimentos que vão e vem,descartam o supérfluo para buscar e encontrar o essencial,como esta poltrona do designer japonês kaori shiina.e janelas enormes sempre abertas.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

de bem com o tempo








arte de jess gonacha
let it all go e glow
de bem com o tempo.
verbos que conduzem minhas ações:
agradecer celebrar realizar

mãe e filha

caderno da "nossa infância" - decisão que se torna adulta: dar felicidade só com felicidade

segunda-feira, 15 de junho de 2009

minha est(ética)

pote criação de analu fontes - sp

na minha est(ética) não cabe nada que não tenha relação,

no meu ambiente não entram palavras cuspidas distantes da mente e do coração,

nem coleção de dentes que se abrem e insistem em parecer sorriso,

fazendo feio com embaçados olhos de vidro.

desde criança minha mãe me ensinou que

vaso de cristal ou porcelana quando quebra

não tem restaurador que devolve o seu original valor.

é melhor juntar cacos e criar uma nova arte

do que aparentar o que não é.



meus interiores








meus interiores também tem a atmosfera desse
quarto de antiga fazenda toscana e
cerejeiras que
simultaneamente brotam flores,
concentração que se organiza como reza
e sempre um vestido que aguarda a sua vez de sair de uma parede,
deixar de ser cenário para virar prazeres, ao som de castanholas e tambores.

sábado, 13 de junho de 2009

planejamento do coração

o trânsito parado. a chuva insistente. meu coração coloca no canal “tudo vai encaixar”. nem olho no relógio , assumo minha costumeira e conectada indígena metropolitana, aquela que sabe a hora pelo aspecto do tempo.o relógio se adapta ao meu ritmo. chego a tempo de vivenciar o presente,o workshop sobre contato autêntico. saio plena com as mãos no coração e os pés firmes no chão. as palavras somem, entram em seu lugar a linguagem do corpo que fala. e lá vai meu coração enviando mensagens. ele liga, eu vejo na hora a luz verde do celular que pisca (já que resolveu não tocar) e sugere exatamente o meu desejo. noite em casa, chuva sonora,mesa à luz de velas com menu das mil e uma noites e chocolates preciosos com embalagem vermelha e ouro.nem penso mais nada agora, o que está por trás da nossa pele já confirmou."a cada instante do encontro, descubro no outro um outro eu mesmo", diz roland barthes no folheto.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

dia dos namorados


ele me disse ontem:
- ah, esqueci de te contar que ele ligou hoje de manhã e desmarcou a reunião desta sexta porque é dia dos namorados.ficou pra segunda-feira.
- ah...tudo bem, disse eu.
-então aproveita e namora bastante – disse ele pro que ligou.
- aqui em casa todo dia é dia dos namorados.
- aqui a gente não precisa de dia marcado, não é não? completou ele pra mim.
concordei.
esse é o presente, procurar viver todo dia como uma celebração.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

pequenos mosaicos de uma nova colagem



gosto de chuva também

chove, chove e faz frio no rio. e é feriado, de corpus christi. sinceramente e com todo respeito, não sei do que se trata. só sei que se tivessem entendido o que cristo pregou "ame ao outro como a ti mesmo" o mundo não estaria tão enlouquecido.nesta semana conheci muita gente linda e intensa, hoje estou quieta (está mesmo? pergunto eu).nas minhas involuntárias e pessoais andanças antropológicos esbarro com este conto, escrito com menos de dezoito anos ( o tempo tem a dimensão de números? pergunto eu), um conto....diria hoje: bem psicodélico, surreal...e como toda pesquisa antropológica que se preze, revelador.só sei de uma coisa: a minha casa interior continua aberta, sem paredes, sem trancas. e aqui vai o conto:uma casa como ela sempre desejara. completamente aberta. sem chave, sem teto, sem paredes. o chão de areia branca e macia era diretamente ligado ao mar. fora, um cavalo de olhos de vidro fosforescente, esperava calamandra, enquanto comia trevos e vagalumes. calamandra não estava só.vizinhos por todos os lados espremiam-se até lá no alto. ninguém conhecia calamandra de fato. “uma mulher comum, que dorme, come, trabalha e sobrevive” - era o que eles diziam.evitavam falar com ela, não permitiam que suas crianças brincassem com o cavalo de olhos de vidro. e os dias corriam e todos cumprimentavam-se sorrindo. e à noite, puxavam as cadeiras para a calçada e, à luz de antigos postes, liam novelas e fofocavam. certo dia calamandra cansou, abriu as asas e sentou numa nuvem negra de tempestade. a poeira que se levantou era tanta que as pessoas nem viram calamandra ali pertinho no céu.choveu uma chuva de penas luminosas.ninguém percebeu. um monte de guarda-chuvas abriram-se rapidamente. o cavalo de calamandra derreteu. ninguém notou. a terra absorveu os olhos de vidro fosforescente. no lugar brotou uma árvore gigantesca, cheia de folhas, flores e frutos. os vizinhos nem estranharam. comeram os frutos, fizeram fogo com sues galhos e enfeitaram seus lares com suas flores. a árvore expandiu-se tanto que tomou conta do povoado inteiro. seus ramos agora entravam no meio dos fios de luz elétrica e telefone. então, os moradores chamaram a prefeitura e podaram a árvore.nesse dia faltou luz a noite inteira. às 8 horas da manhã seguinte, as pessoas saíram de suas casas e foram trabalhar e estudar como sempre.a poeira ali era tanta que nem viram calamandra dançando no chão.choveu. guarda-chuvas abriram-se . a prefeitura podou uma árvore. faltou luz. hoje, no lugar onde era a casa de calamandra tem uma casa lotérica. com portas, janelas, teto e chaves. e números, muitos números. todos fazem suas apostas na esperança de um futuro sem economias.
o tempo avança e a fila anda e minha opção é sempre por qualidade e não quantidade.qualidade tem sempre o dom de gerar mais qualidade.o que não acontece necessariamente com números. fiquei na dúvida se era bobo ou meio presunçoso expor isso aqui.besteira, respondo eu, é verdade, fazer o que? é uma minoria mesmo que não coloca suas expectativas numa loteria, num poder que acham que vem do além.ah, escrevo sempre tudo em letras iguais pois não acredito em maiúsculo, ok? respeito, pra mim, é outra coisa.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

um tecido de sensações

durante a última trienal de design em milão, os japoneses lançaram um tecido microfibra tão maleável quanto nossas células, superando os atuais limites de flexibilidade e leveza. o artista kenya hana criou uma instalação teatral com mesas cobertas por toalhas com motivos de flores orientais (representando as quatro estações do ano) e fez o vento soprar sob as mesas e criar misteriosos movimentos para demontrar todas as infinitas possibilidades do tecido de última geração. a louça de porcelana não cai. achei linda essa iniciativa de associar arte ao lançamento de um novo produto que nasceu de dedicada pesquisa científica. é exatamente como essa microfibra que estou me sentindo depois que soprararam mais que ventos, vendavais: mais leve do que nunca e acompanhada por pessoas que surgem de todos os lados e sabem como viver deve sempre ser arte assinada ( jamais uma falsificação).

terça-feira, 9 de junho de 2009

a armadilha e o mito

lista do que é óbvio para mim:

ter libido é diferente de fazer sexo
ter atitude é diferente de estar presente
ter sensibilidade é diferente de ter sensações
ter tempo é diferente de ser ocioso
relaxar é diferente de não fazer nada
ter fé é diferente de ser fanático
criticar é diferente de julgar
refletir é diferente de pensar
falar é diferente de dialogar
ouvir é diferente de calar
criar é diferente de copiar
enxergar é diferente de ver
ler é diferente de absorver
selecionar é diferente de prejudicar
transformar é diferente de justificar
qualidade é diferente de quantidade
mentira é diferente de justiça
rotina é diferente de obrigação
tristeza é diferente de depressão
calma é diferente de passividade
gentileza é diferente de hipocrisia
confiança é diferente de arrogância
ignorância é diferente de pureza
indignação é diferente de ira
controle é diferente de sinceridade
gratidão é diferente de submissão
comprometimento é diferente de tolhimento

o óbvio é diferente para cada um



segunda-feira, 8 de junho de 2009

meus humores tem cores

meus humores tem mil cores,
minha criatividade mil humores,
passeiam do barroco ao cleanzen (minimalista),
como uma estrada com dois lados,
enquanto um afia a realidade,
o outro aponta a verdade.

(é que cleanzen tem som de sino batendo, não tem?)

domingo, 7 de junho de 2009

cartão postal



...sentindo uma liberdade que não precisa nem de passaporte nem de visto de entrada para ir e vir. as vacinas estão todas em dia contra tudo o que só conhece o verbo tolher (graças a você que me ensina sempre o que é de fato viver).escrevi bem pequenininho porque é assim que esse verbo age, bem disfarçado.mas quando a gente aprende a reconhecer, ele fica bem escancarado.meus ouvidos já nem registram mais os "obrigadas" de quem nem sabe direito o que é agradecer. segue este cartão (não, este não fui eu que fiz, é da jennifer gordon, é o que eu queria fazer). para mais uma vez te dizer: obrigada por me ensinar a não perder nem tempo nem energia com nada que não quer crescer.por separar as sementes férteis das vencidas, o olhar ingênuo do inocente,ah... esse eu quero manter, ver tudo com o encantamento da primeira vez. mais uma vez passa um letreiro luminoso na minha mente: a palavra arigatai, que aprendi com você.retribuir a gratidão...é muito mais do que um obrigada que alguns insistem em deixar escapar da boca sei lá pra que,e,mesmo repetindo como som robótico,opaco,sem alma,como já estão surdos até à própria voz,nem percebem o quanto esse "obrigada" choca a todos a sua volta por sua total falta de real conexão.parece mais um ruído na comunicação.sem sentido de gratidão, "obrigada" vira sinônimo de "forçada" (foi obrigada a fazer isso contra a sua vontade...).se ainda comento isso é para que ninguém comente mais comigo esse assunto sem valor.para que perder energia com quem não quer se comunicar, fica só inventando coisas que não existem, tolhida no seu mundinho particular? temos tantas coisas lindas para fazer.no mundo dos perfumes,a essência de lírios é a mais cara de todas.vamos também agradecer todo o lixo que conseguimos transformar em luxo e arte.serviu de esterco para que as flores se abrissem,revelassem sua verdadeira identidade de flores. faça a sua própria coleta seletiva (plástico demora a desintegrar...)- ninguém vai fazer isso por você não!cada momento é tão precioso, chega de perder tempo com enganação.não jogue nem aceite lixo que não sirva para produzir saudável alimentação - para o corpo e o espírito.a cada dia aprendo mais a manter o equilíbrio ecológico do meu coração.

sábado, 6 de junho de 2009

ponto de mutação


a médica com traços de linda onça do pantanal descobrira o significado da côr rosa e sua antiga aversão e atual paixão por ela. estava num barco no alto dos trópicos quando, num piscar de olhos, foi envolvida pelo rosa do amanhecer do sol. lembrou que ao tratar de feridas , os médicos sempre celebravam quando o sangue finalmente roseava. descobriu que rosa era a côr que indicava uma mudança de paradigma. um dia novo,o fim da noite ou o fim das infecções. o natural romantismo criando, a partir de dentro, tudo o que fazia vibrar gratidão. só dependia de quem estava por trás das janelas dos olhos.aquela que a ouvia, por dentro sorria.rosa podia ser tanto ponto de fuga – quando encobria apenas com adereços atávica superficialidade – como revelação, pensava. era vital uma forte e saudável vontade para que fosse atingido o ponto de mutação. para que o rosa de dentro brotasse e entrasse em harmonia com o rosa de fora, já que o ritmo da natureza jamais se enganava.enquanto a onça dissertava sobre o olhar que vê e cria beleza a partir dos olhos de dentro e acaba recebendo em troca todo um universo de significâncias que se estende sob os pés no chão,aquela que a ouvia descascou todas suas paredes internas, em veloz trabalho de antropologia, e descobriu camadas e camadas de contínuos momentos preciosos em sobreposição.construir uma vida em rosa exigia coragem, transparência e convicção.até o encontro com o feio e falso adquiriu outra dimensão.e foi embora. era noite mas tudo estava rosa. as ruas,as salas em temperas pintadas, o vinho, as pinturas maravilhosas, a mente dos artistas,as risadas, as fotos da família de clarice e todos os nãos que dissera ultimamente para a noite escura que teimava em impedir o amanhecer. isso já não era mais responsabilidade sua.cada um que amanhecesse (ou não) com a cor que escolhesse ver.

tornar o invisível visível

tornar o invisível visível. tirar as palavras dos livros, refleti-las, dançá-las com o próprio corpo. esta é a intenção do artista ebon heath ao criar estes mobiles de poesia visual. por falar nisso, o que significa pra você ' romper paradigmas' ? as palavras que saem da sua boca acompanham o ritmo das ações do seu corpo?

sexta-feira, 5 de junho de 2009

meninas...é hoje!


fiquei alucinada com estas fotos de shana rae e sua filhota chinesa Sophie mais que linda - que karina,do el beso, me apresentou ( o endereço está no minhas afinidades).cheias de vida, cores, pura alegria e glamour. um presente para minhas amigas milenares que mantem a pureza, a sincera convicção no poder da vida, que torcem uma pela outra e vibram com a beleza única que cada uma tem. karina, sempre intensa, generosa e sincera, un beso no seu coração.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

inspiração vintage

esta é a capa de um caderninho de anotações da minha avó materna.é todo em esmalte. ela me deixou coisas lindas, visíveis e invisíveis. foi ela quem teceu os mandalinhas de crochê em fios de seda e algodão que estão agora no meu banner.outro dia demos uma super festa aqui em casa e coloquei-os esparramados numa mesa de vidro à luz de velas, um quarto que transformei em área vip (brincadeira da carol, é pra quem queria ficar mais no bate papo). no geral, não sou muito fã do que vejo em crochê, muitos trabalhos grosseiros feitos na ânsia de somente ganhar dinheiro.nem é questão de ter acesso a informação. é questão de alma mesmo, como diz um amigo meu.tem gente que tem alma elegante, tem gente que não.tem um senhor aqui na rua que vende paninhos bordados que vem lá do nordeste que são uma preciosidade.mesmo quando não compro, paro para apreciar tanta arte.minha avó me ensinou a ter fibra,não ter preconceitos e sempre ter coragem pra lutar sem medo contra o que destroi o que é bonito. viúva,com uma filha adolescente, enfrentou em plena segunda guerra invasores alemães e russos com coragem feminina.não abaixou a cabeça nem para a mais baixa ignorância.um dia, dois soldados russos passaram o canivete num trabalho lindo de esmalte, queriam abrir a caixinha redonda pra ver o que tinha dentro, era um relógio... mas eles nunca tinham visto um relógio e pensaram que poderia ser um boicote. apontaram a arma para a filha menina que acabara de chegar em casa de bike (também nunca tinham visto uma) e como ao tentarem andar cairam ,acharam que era uma sabotagem.ela sobreviveu a tudo isso e o seu humor, sabedoria e feminilidade não se abalaram nem com todas essas passagens.

espelhos


achei genial este espelho da designer inglesa soner ozenc. ele vem em peças, como um puzzle, com várias possibilidades de montagem. espelho é um simbolo muito forte, pensava eu ontem. fui buscar na fonte que um mestre junguiano me indicou aos 20 anos.ele tinha feito uma tese sobre símbolos e a busca inconsciente do self na arquitetura de paris.era uma pessoa muito interessante com quem aprendi muito sobre a vida.o fato dele me despertar para uma nova jornada de percepção mexeu com todos os que me cercavam, caiu a máscara de alguns e veio a coragem de outros para enxergar sem ilusão.o resultado foi lindo na vida de quem não se enganou.
e na fonte organizei todos meus atuais insigths:a palavra espelho vem de speculum que deu o nome à especulação: em sua origem especular = observar o céu e seus movimentos com ajuda de um espelho. sidus (estrelas) deu origem a considerar = olhar o conjunto das estrelas.
as duas palavras surgiram da observação dos astros refletidos em espelhos.o espelho como símbolo da manifestação da inteligência criativa.quando bem polido reflete a verdade, a sinceridade, o conteúdo do coração e da consciência.o macrocosmo (universo) e o ser humano (microcosmo) estão na posição de dois espelhos, diz o livro. e segue contando um monte de coisas através do tempo e das diversas culturas. diz, por exemplo, que a luz só pode manifestar-se e ser visível graças a obscuridade. percebi tantas coisas, fiquei feliz, sabe quando você sabe que compreendeu finalmente o que é liberdade, quando tudo fica claro e desembaçado e sua mente,coração e movimentos acompanham uma nova realidade? especular e finalmente considerar o conjunto que compõe de fato o universo que você quer criar. duas palavras que não são mais abstratas. o meu espelho não embaça nunca mais com o bafo do banho dos outros. deu pra entender?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

minha babilônia

foto da mariam do my marrakesh
foto de deidi von shaewen - my india - taschen

está um friiiiiiiiio aqui no rio...adoro! é noite e volto pra casa.feliz com a minha cama que demorei a escolher...porque quando decido uma coisa tem que ser.fiquei anos procurando a cama nova que eu queria até que a vi, nesse livro 'my india' , flutuando acima do solo. mas a minha é mais bonita ainda, o futon é bem gordinho e quando a gente deita parece que voltou pro útero materno.no calor é fresquinha, no inverno quentinha (requer uma cesária pra sair). agora sonho (e hoje eu queria já estar com ela) com essa colcha marroquina.tem coisas que fiiiicam na minha mente e um dia finalmente elas saem para a realidade física, tudo tem um tempo.foi assim com o imenso móbile de madrepérolas que está hoje perto da janela. eu tinha até me esquecido que eu o queria,desde menina,e minha mãe dizia: pra que? seu quarto já está um boudoir do café de toulose lautrec... um dia ele voltou na minha frente e veio aqui pra casa. adoro quando bate o vento e ele faz tlimtlim e me lembra do que eu não devo abrir mão de querer.enfim, ontem me pediram para fazer uma lista com 7 coisas que não entram aqui na minha casa em hipótese alguma.logo pensei em fofoca, mas não era essa a pergunta. as 5 primeiras foi fácil responder.as 2 últimas tive que pensar mais. afinal sou bem eclética.aqui vai a minha lista de 7 coisas que realmente detesto:
1- luz fria (se é pra economizar prefiro luz de velas). 2 - sofá de couro sintético (melhor educar crianças e animais domésticos). 3 - quadros pintados por amadores (natureza morta, vaso de flores,mar então...ou mesmo os pseudo geométricos por quem não tem talento pro pincel...socorro...). 4 - copos de requeijão (não suporto, só para medir. depois me lembrei que tenho no campo uma coleção deles, todos com desenhos da disney, são opção pra toda água que se toma de dia, cada um escolhe e marca o seu personagem e não fica aquela pia lotada de copos). 5 - travessas de inox ( só aceito panelas de inox e talheres bem grossos).6- lençois que tenham fibras sintéticas em sua composição (só gosto de 100% algodão). 7 - toalhas de banho finiiiinhas, dessas que lotam as ofertas e que tem cores que seduzem mas mais parecem folhas de papel). ainda anotei na rua, entre um resto de turqueza e a lua que cresce no céu, brindando com um expresso: 'muito bom quando, mesmo sem sair do lugar em que circulamos sempre,a gente se distancia de um monte de blablablás e ouve o próprio coração, aquele que jamais engana.porque não há absolutamente nada válido neste mundo, nada, da economia à qualquer religião, quando se usam teorias e empreendem ações que apenas aprofundam o abismo da ignorância, do fanatismo e da alienação'. forte, livre e contente sigo pela estrada aberta...né, withman?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

inventário da boemia

sensibilidade ultradestilada em convívio amigos de verdade arte em progresso respeito à individualidade liberdade de expressão cada um com sua única personalidade lindas fotografias gente nova que inova sinceridade muita poesia riso inteligente que transcende a dor vinho tinto gelado que só traz verdade arte da iluminação individualidades criativas a todo vapor um pouco de arroz e feijão num dia trutas da montanha no outro gratinadas com castanhas do pará tudo muito brasil confiança percepção que se purifica dia a dia ouvidos que se tornam absolutos para tudo o que faz crescer chocolate com caju ou avelãs, por que não? opiniões que geram celebrações conquistas que geram mais e mais satisfação para todos que são de fato presentes convicção no poder de realização original que cada um cria e alimenta no outro lágrimas evaporadas no vapor do calor de ser consciente para inovar sempre união de corações que crêem e batem em percussão o ritmo é só escolher todos em ação pela expansão do que vale a vida viver
Related Posts with Thumbnails