quarta-feira, 31 de março de 2010

foco: haven in heaven

must have
a haven in heaven aqui,
na velocidade que
rompe a barreira do som.
água e óleo
não se
misturam,
por mais que se sacudam juntos
os dois.
isso eu
já sei.
pausa
para concentração. adorei haven in heaven. já sei que cria quem quer.

after the rain

rosas,livros,brilhos da chuva na janela,antibiótico, anti-inflamatório, acabou a dor de dente e a raiz do problema.flash sobre a melancolia que não vai minar a minha energia.nem ontem, nem hoje.ela até pode ficar aqui, desde que canalize a minha criatividade para o novo trabalho que tenho,o que me alimenta. e assim é.

liliths e evas

suas aflições são o reflexo de uma época.
porque ter quinhentos amigos vem a ser como não ter nenhum.
há "loucos" e "loucos"; há enfermos dignos e comovedores,que só danificam a si mesmos, e enfermos malignos, que sobrevivem à custa de destruir os demais.
o amor dele, contudo, foi tão breve e inconsistente como correspondia ao seu caráter.
um daqueles personagens inconstantes e levianos que costumam florescer nos momentos históricos turbulentos.
...a curiosidade é um ingrediente básico da inteligência, e nesses mitos é a mulher que tem o atrevimento de perguntar-se o que existe além, o anseio de descobrir o que está oculto.
como chega uma mulher a transformar-se em pioneira, a sair da confortável "normalidade" de seu tempo e a defender posições tão avançadas que se tornam marginais e perigosas? não é devido a uma precoce e clara vocação histórica - suponho -, mas a uma maneira mais humana e prosaica, a um ir deslizando, pouco a pouco, pelo caminho do intelectualmente inadmissível e da diferença. na verdade, só existem na vida duas coisas irreversíveis: a morte e o conhecimento. o que se sabe não se pode deixar de saber, a inocência não se perde duas vezes.mary foi sabendo o que era injusto e teve de ir agindo de acordo com essa descoberta. (trechos do livro histórias de mulheres - de rosa montero)

terça-feira, 30 de março de 2010

meus interiores

pinturas a óleo de page laughlin baseadas em fotos de revistas de decoração de interiores, uma maneira que ela encontrou de mostrar a energia que pulsa e ativa os desejos por algo novo.
vivo em busca de um novo olhar, sempre. tenho a mania de tentar ver tudo como se fosse pela primeira vez.outro dia, na casa da minha amiga, fiquei observando a linda filhota dela, de dois meses, fascinada pelo papagaio de pano super colorido que balançava na cadeirinha.era um olhar de tamanho espanto e interessse, tão concentrado.os outros bichinhos que a mãe colocara antes, ela não gostou. foi esse papagaio que despertou concentração e encantamento.eu me lembro desse mesmo olhar na minha filha quando saiu para o primeiro passeio, no parque lage, e viu uma árvore imensa pela primeira vez.é esse olhar que eu busco sempre.
os sapatos dispostos num brechó em tóquio me levam de volta a cézanne. meu coração vibra com os dois.

sexta-feira, 26 de março de 2010

rosas de milho

outro dia estive na loja de flores em que comprei este buquê de rosas feitos de palha de milho.a dona prometeu que vai encomendar ao artesão do interior, não sei se era de minas ou goiás. todo mundo que vê quer. parece uma linha do i ching, transformar palha de milho em flores, beleza e prosperidade.

quinta-feira, 25 de março de 2010

canseira

passados dez anos do século 21, acho coisas do século passado falar em direita, esquerda,classe média,elite. algumas dessas palavras ainda precisam ser usadas para definir alienação, egoismo, falta de cultura e educação, falta de reflexão,violência, ganância que se alimenta da ignorância. na prática, tanto a esquerda quanto a direita já provaram suas falhas, às vezes a um preço muito alto.quanto à classe média, quando a citam,é, para mim,sinônimo de alienação, egoismo, falta de cultura,educação e capacidade de reflexão e todos seus deploráveis efeitos.não tem nada a ver com renda. assim como acredito que a miséria tem vários endereços, inclusive os luxuosos.outro dia, um renomado estilista dizia em entrevista que detesta a classe média, já que a elite é clara, declara com quem quer e com quem não quer conviver. pobre, para ele, grita o que acha verdade, mas a classe média... essa sim é a verdadeira traidora da história, disse ele.
não gosto de generalizações mas compreendo o que ele e antropólogos,sociólogos, historiadores dizem sobre isso.quando alguns insistem em jogar lixo no mar,o mar fica poluido para todos.

terça-feira, 23 de março de 2010

meus interiores

a sala, a cozinha e o terraço da casa da sobrinha-neta de einstein, no marais. ela é dona de um eclético antiquário em paris.é a primeira vez que ela abre a sua própria casa para uma matéria publicada na revista  côté maison france.adoro esse clima todo!

segunda-feira, 22 de março de 2010

colares conceito

os colares que faço não são meros enfeites, por trás deles existe um trabalho com conceito.não são acessórios que possam ser reproduzidos em série ou vendidos em lojas de bijoux.
"haja personalidade para usá-los", já me disseram. sim, como tem trabalho de conceito em cada peça que faço, a pessoa que o usa, no pescoço, na parede,sobre a mesa ou em qualquer lugar que descobrir uma nova linguagem para a peça, tem que ter a mente, a percepção, a sensibilidade e a atitude adequadas à escolha que fez.
isso me lembra a história que um amigo artista plástico me contou certa vez.ele preparava uma grande exposição quando um alto funcionário de um banco viu uma de sua telas e se ofereceu para pagar a ele o preço da tela e das tintas para que ele fizesse uma pintura de graça para ele.ao que meu amigo respondeu: não quero pintar nenhuma tela para você.
ou aquela colecionadora latino-americana que guarda em seu apartamento de nova york(em que aparece duas vezes ao ano), um desenho de picasso pendurado na parede úmida do seu estreito lavabo.
ou gente que ao ver a pomba da paz de picasso, feita com apenas um traço, acha que parece desenho de criança, despreza e desconhece todo o trabalho que tem por trás para chegar a tamanha síntese e, pior, acha que tem capacidade de fazer igual. quem reconhece, sabe perceber a diferença entre um enfeite, um rabisco aleatório e um trabalho que traz conceito.

domingo, 21 de março de 2010

outono


dia nublado, camisola de algodão branco, aquela mesmo que ainda ontem era flor lá no campo,os cabelos presos por uma rosa vermelha purpurinada do saara,descalça, sonolenta, leio no jornal que ontem foi o última dia do verão oficial, os aplausos ao por do sol no arpoador irão continuar , só que com bem menos gente e calor,penso nas folhas alaranjadas dos meus caquizeiros que anunciam a chegada do outono num país tão tropical e com estações tão embaralhadas,daqui a pouco terá aquela luz mais linda de todas no rio de maio, fragmentos das colagens e escritos feitos em grupo passam como slides em fast motion na minha mente,toda essa atração que ela sente por mais, tão compreensível, as impossibilidades que cada um cria, a criatividade para driblá-las, vivê-las e evitar sofrimentos inúteis,o livro delicioso que não dá vontade de parar de ler mas vem um leve sono, as pálpebras pesam, a cachorra feminina dorme profundamente feliz por estar perto de todos a quem ama, ele volta da caminhada e traz algumas surpresas que só ele descobre nas gôndolas do supermercado, não cedo ao sono, levanto e escrevo, expulso os pensamentos sobre assuntos que me atormentam, volto a pensar que no mundo dos sentimentos e dos mais puros desejos os bancos não fecham aos domingos nem existem feriados, ela agora rebola e abana o rabo feliz sobre a esteira e o futon pink no chão, uma fileira de mantras desfilam nas kundalinis do cérebro em apresentação olímpica, os olhos fixam nas folhas muito verdes e suculentas da figueira da índia que já cresceu mais um andar acima. não tem vento, tudo está tão imóvel que parece que o tempo resolveu descansar.cadê aquela receita de caqui chutney que prometi experimentar este ano?

quinta-feira, 18 de março de 2010

amplo,arejado, por dentro e por fora





 

amplidão, arte, iluminação natural,
 são vitais  para mim
 como ar puro e água.
 meus amigos que rompem fronteiras, um tesouro.
a sinceridade das pessoas próximas e as novas que chegam, isso sim é uma benção.
nada cai do céu, a não ser chuva, raios e meteoros.
coragem para enfrentar as ondas, como a viagem de ulisses.
ou a travessia desértica, reconhecendo no meio do temporal de areia,
quem fala coisa com coisa,
troca humana e viva
que age de acordo
com a própria loucura criativa.
ventila, cintila.

...


eu também nunca gostei de pessoas adultas e maduras ou velhas que dizem que quanto mais vivem menos compreendem. que vazio inútil e absurdo. é mentira que nunca gostei porque jamais convivi com pessoas assim.que sorte a minha! concordo com você, peter brook, de que apenas começamos a existir quando estamos servindo a um objetivo que está além de nossos próprios gostos e aversões.eu também detesto a piedade a humildade reverentes, a resignação.eu também só aceito o não saber como uma abertura para o espanto.
"um começo tem a pureza da inocência e a liberdade ilimitada da mente do iniciante.
o desenvolvimento é mais difícil, pois os parasitas, as confusões, as complicações e os excessos do mundo tomam conta quando a inocência dá lugar à experiência. terminar é o mais difícil de tudo, mas, mesmo assim, é a desistência que proporciona a única experiência verdadeira da liberdade. então, o fim torna-se mais uma vez um começo, e a vida tem a última palavra." (fios do tempo, peter brook)

quarta-feira, 17 de março de 2010

trajeto



muito além dos ruídos externos e internos.aquele silêncio que não tem nada a ver com ausência de barulho.
aquele silêncio concentrado e criativo que invade todas as células do corpo e do pensamento.já aconteceu no campo, nadando à noite na praia deserta num mar cheio de planctons purpurinados,no meio da cidade e do trânsito num dia de chuva.sabe do que estou falando?

segunda-feira, 15 de março de 2010

adorei




adorei isso: i'm not young enough to know everything.
(via jjjound.com)
destinatário: eu

remetente: eu

mensagem: obrigada!

 prometo que vou te agradecer

com mais frequência

sexta-feira, 12 de março de 2010

bem pequenininho

deu vontade de escrever tudo assim, bem pequenininho,
xícara vazia, vontade bombardeada,atenção testada, tempo atrasado,
palavras que não correspondem,voto vencido que só traz prejuízo a todos,
gananciosos estúpidos,prudentes covardes,conformistas alienados,
um monte de pleonasmos, lixo que infesta e nunca se recicla,
mortandade de peixes,algas tóxicas, ira da natureza,
diálogos que só geram inércia, convivências hipócritas,
maledicências invejosas, desejos podres,os muito feios que se aparesentam como salvadores,
pó de café misturado com refugo de soja,chuva ácida,
aspirina que dribla o que boia na superfície.

muitas cores nas entrelinhas

branco, preto,
turquesa,vermelho,
amarelo, caramelo...
não há desassossego que resista
a uma combinação de cores como esta.

obrigada r. por
me fazer recordar
clarice
hoje:

já que se há de escrever, que não se esmaguem com palavras, as entrelinhas.

pré-palavras que fazem a escolha

outro dia falei que iria contar sobre como cheguei ao livro a louca da casa, de rosa montero. pois bem, era final de ano, natal. eu buscava um livro de artes pra dar de presente pra minha filha. desejar ler mais sobre arte não tem preço.tinha só um exemplar na livraria que eu acabara de entrar e não comprei, queria pesquisar mais o preço. e aí aconteceu a cena da incomunicação, de uma incompreensão total que destroi a convenção salvadora da palavra - como a montero escreve no livro. continuei andando,avançando ao longo do tapete vermelho estendido sobre as calçadas, à flor da pele. a caminho de casa, resolvi parar numa outra livraria pra ver o preço do tal livro. estava com meus enormes óculos vintage. e quase chorando.o vendedor se aproximou, olhou bem nos meus olhos, até estranhei aquela atenção tão concentrada e enfim, o tal livro custava o mesmo preço da primeira livraria mas tinha 20% de desconto se eu chegasse a comprar mais 20 reais além do preço do tal livro.que ótimo, pensei,e comecei a pensar nos livros que gostaria de comprar, um não tinha,  eu não me lembrava dos títulos que desejava, meus olhos começaram a ficar cheios de lágrimas, o vendedor percebeu, pedi desculpas por estar mexida, falei rapidamante que estava cansada sobre os ruídos na comunicação que provocam situações estéreis, inúteis,ele disse que dava pra ver a qualidade de pessoa que eu era e me recomendou o livro da rosa montero. fiquei satisfeita e fechei a compra, eu já tinha lido um outro livro dela e tinha amado. na hora de me entregar os pacotes, ele e um outro vendedor se aproximaram e disseram, um ao lado do outro, que eles gostariam de me oferecer um presente. e me deram um livro, de autor italiano, chamado: a solidão dos números primos.  fiquei muito tocada com essa insólita cena e agradeci a eles e à vida. fiquei impressionada com o título do livro: a solidão dos números primos.fui andando,me sentindo o próprio número primo, quando o meu marido me ligou. ele estava lá perto. fui encontrá-lo, tomava um vinho com um nosso amigo. quando o nosso amigo me viu com os novos e imensos óculos ele falou: puxa,que lindos, você precisa falar com a minha filha, ela está arrasada pois foi escorraçada na escola por ter escolhido uns óculos do estilo dos seus.a filha dele deve ter uns 13 anos, altissima, perfil de modelo, linda de corpo, cara, cabelo e mente, cheia de humor, muito observadora, divertida,companhia super agradável. ela não pertence ao mundo de ovelhas que só fazem o que o outro manda.tem personalidade, é reflexiva,crítica,enxerga o outro,está conseguindo ser ela mesma e isso numa fase da vida em que é comum todos serem super bando de ovelhas,a adolescência. depois desse período é muito chato, esquisito ver crescer um humano que nunca vai deixar de ser ovelha/maria vai com as outras. chato, esquisito, prejudicial à saúde privada e pública, é o mínimo que posso dizer por aqui.gente que acredita que se a maioria aprova é porque é bom, é justo, é bonito.

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