quarta-feira, 22 de junho de 2011
parece que está tudo pronto e está. as imperfeições que constroem um sentido maior. o reconhecimneto.faz cócegas. e também dá vontade de dormir, recuperar a energia nem sempre bem gasta.
percebemos e verbalizamos ao mesmo tempo, como é bom surpreender-se com o amor plantado em outros solos além do nosso,o amor colhido, as sementes que voaram, voam, e, com o tempo, retornam árvores, discretas em sua exuberância e generosidade, porque são.
quando acabei de ler o que você deixou escrito para mim, senti como se tivesse visto um mapa e compreendido a geografia do nosso encontro, ou melhor, como você diz, da nossa jornada, da jornada que construímos juntos, a essência da nossa relação.
ah, entre aquelas mudas de nastúrcio que plantei outro dia, tinha um botão. hoje ele abriu. assim que abri a porta, nos vimos. senti uma alegria...daquelas que tem raízes. tantas coisas passaram na minha mente e coração nos dias seguintes, e continuam passando, suavemente. numa noite dessas, lareira acesa, largo o romance que já devorei e abro uma das páginas de um dos meus evangelhos, sutras, torás, assim como quem tira uma particular carta divinatória. e leio, no capítulo sobre águas claras, do "mulheres que correm com os lobos": a criatividade é um mutante. num momento, ela assume uma forma; no instante seguinte , uma outra. ela é como um espírito deslumbrante que aparece para todas nós, sendo, porém, difícil de descrever já que não existe acordo a respeito do que as pessoas vislumbram no seu clarão cintilante. será que o emprego de pigmentos e telas, ou lascas de tinta e papel de parede, é comprovação de sua existência? e o que dizer da pena e do papel, de bordas floridas no caminho do jardim, da criação de uma universidade? é, isso mesmo. e de passar bem um colarinho, de criar uma revolução? também. tocar com amor as folhas de uma planta, reduzir a importância de certas preocupações, dar nós no tear, descobrir a própria voz, amar alguém profundamente? também. segurar o corpo mormo do recém-nascido, criar um filho até a idade adulta, ajudar a reerguer uma nação derrotada? também. cuidar do casamento como pomar que ele é, escavar à procura do ouro psíquico, descobrir a palavra perfeita, fazer uma cortina azul? tudo isso pertence à vida criativa. todos esses atos provêm da mulher selvagem, de río abajo río, do rio abaixo do rio, que não pára de correr dentro da nossa vida.
alguns dizem que a vida criativa está nas idéias; outros, que ela está na ação. na maioria dos casos, ela parece estar num ser simples. não se trata de virtuosismo, embora não haja nada de errado com ele. trata-se de amor por algo, de sentir tanto amor por algo - seja uma pessoa, uma palavra, uma imagem, uma idéia, pelo país ou pela humanidade - que tudo o que pode ser feito com o excesso é criar. não é uma questão de querer; não é um ato isolado da vontade. simplesmente é o que se precisa fazer.
finalmente plantei mudas de cavalinha - "um dos seres vivos mais antigos do planeta" segundo a pesquisa de rosy bornhausen. estão lindas!
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