sexta-feira, 31 de julho de 2009

esta semana 2


nesta segunda eu disse o que faria esta semana.
hoje é sexta, e vou relatar o que fiz: consegui sim colher tulipas, não só em ipanema como na gávea também. acabei tomando um banho, não de banheira, mas de chuva, com um elefante recém nascido e abraçando um pinguim no meio da rua. comi um doce do cazaquistão que me foi oferecido por um desconhecido que deixou de ser e posso garantir que a essência de fórmula original da renascença é puro século das luzes.. só não decorei o texto de tchecov em russo. ainda está em tempo. não sonho com moscou. meu lugar é aqui. ah, o vestido de veludo troquei por uma blusa de rendas e não sei o nome do outro tecido, é completamente novo para mim.

meu solar




danço
pulso
olho
amo.
há muito
nos conhecemos muito.
lá fora chove
o som é
lindo,
macio.
sou
e quero ser
cada vez mais
solar.

defenestração de fim de julho


vi a encenação que atores tchecos fizeram para relembrar um fato histórico conhecido como defenestração. foi em 1419 quando sete conselheiros municipais foram jogados pela janela.não vou falar sobre a miséria ,a corrupção, o egoísmo.vou fazer uma lista do micro, onde começa de fato a miséria, a corrupção, o egoísmo.eu defenestro,jogo pela janela:
- todas as pessoas que pegam coisas emprestadas e não devolvem e nem se inibem quando são lembradas e solicitadas a devolver.
- todos os que só tem sorrisos por fora e aquele comportamento, como diz minha amiga, de flanelinhas na rua,correndo para te oferecer e cobrar uma vaga que nem lhes pertence.
- todos os que só tem vontade até que os desejos são saciados (pum em forma de gente).
- todos os submissos e que ainda acreditam que são bons.
vou parar por aqui.já foram todos pro lixo, será que vão ser reciclados? aqui eles não tem vez.



quinta-feira, 30 de julho de 2009

partitura




meu cotidiano é minha partitura. adoro usar estas notas para qualquer composição, dos clássicos aos folks, mpb, blues, rock'n'roll:
sinceridade, coragem, espírito de procura, vontade, paixão que gera compromisso com evolução, amor que libera,beleza que todos os dias põe a mesa sim.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

tudo de diamante


ela ficou plena. era profundo e real. não porque encontrara o príncipe. ele sempre estivera ali esperando por ela, o tempo todo. só realizara o seu integral amor quando chegou o dia de dizer chega à malvada madrasta e suas enciumadas filhas.chegara finalmente ao fim a tarefa de separar a semente dos estrumes.a fada madrinha surgiu quando ela se reconheceu a sua própria fada madrinha.chegara a hora de dar morte ao que não prestava.como diz clarissa, a contadora de histórias, para a mulher essa é a tarefa mais árdua, porém a mais satisfatória. ela agradeceu a absolutamente tudo, inclusive à palpável madrasta e suas enciumadas filhas que tinham-lhe tomado por um longo tempo o seu castelo. nesse tempo ela vivera lá, no mais alto, cercada por todos os seres da natureza e cantando com eles.os ratos também tinham se empenhado arduamente para tira-la daquela clausura. de lá saía agora dona do seu castelo e mais, rainha, convicta e segura no seu poder de realizar tudo o que literalmente vale ( no continuo presente), não só para si mas paratodos, assim mesmo, com todas as letras singulares e unidas.e começou o seu reinado cantando: o anel que tu me destes não era vidro não, era diamante, o amor que tu me tinhas não era pouco não, era e é imenso e infinito,and i thank to myself....all i want is freedom, a world with no more nigth....quero a vida sempre assim...minha alma canta...a gig in the sky... and even though you needed me it was clear that I could not do a thing for you…esta rua é minha e eu ladrilho com pedrinhas de brilhante para quem percebe e quer passar.

terça-feira, 28 de julho de 2009

esta semana

“ a vida é uma negociação entre o eu e os conceitos mitológicos do amor, do medo, do sexo, da morte, da segurança e da coragem. estas narrações do espírito transcendem o tempo e o espaço e são as linhas com que o tapete da vida é tecido." cig harvey, fotógrafa, sobre o seu trabalho.

esta semana quero fazer coisas que nunca fiz, como abraçar um elefante recém nascido, tomar banho de banheira com um pinguim, colher tulipas em ipanema, comer um doce típico do cazaquistão , andar na praia vestida de veludo, decorar tchecov em russo, usar óleos essênciais de original receita renascentista, dar um beijo na ponta do bico do colibri (ah...isso eu já fiz). enquanto faço essa lista, uma baleia passeia alegre com o seu filhote perto da orla do leblon. não é o máximo?


segunda-feira, 27 de julho de 2009





"a escolha criteriosa de amigos e companheiros, para não falar nos mestres, é de importância crítica para continuar consciente, para continuar intuitiva, para manter o controle sobre a luz incandescente que vê e sabe."
clarissa pinkola estés, analista junguiana e contadora de histórias
quem tem um bom mestre e bons amigos e companheiros,
sabe a diferença entre anger e wild.

via coração


ganhei de presente uma mensagem surpresa de um amigo que entende muito sobre a vida vivida.diz assim: only those who attempt the absurd will achieve the impossible (deepak chopra). fiquei impressionada com a sensibilidade dele e a nossa comunicação além fronteiras. agradeço também por aqui. tem frase melhor do que essa para concluir um ciclo de confronto e vitória sobre o absurdo? lindo domingo!

domingo, 26 de julho de 2009

a caminho do mais belo luar de agosto





toile de jouy


ando apaixonada por toile de jouy, aquela técnica de estamparia desenvolvida na frança a partir de 1760, com paisagens rurais, eventos históricos e cenas de vida no campo.minha vida anda muito toile de jouy, tem estampado cenas muito interessantes e reveladoras. mystères de mon coeur. faltam essas jarrinhas e potinhos. eu quero.

hmm hmm...eu gosto daqui




sábado, 25 de julho de 2009

uma côr e muda tudo




o que é isso?

chove e faz muito frio.aproveito para organizar armários, roupas que estavam acumuladas sobre a cadeira do quarto,etc,cuidar e agradecer mais uma vez às coisas que servem a minha vida e a tornarm mais significativa, plena e feliz.sou tomada por uma raiva, pura indignação, chega a ferver...detesto gente que pega emprestado e não devolve, mesmo quando a gente pede e pede de novo... gente...que coisa chata, ter que pedir de volta o que é seu. essas pessoas... acho que contam que ao ignorar os pedidos de devolução criarão constrangimento, só pode... ontem o horóscopo dizia: só usam a sua generosidade para terem o que cobrar depois.confesso que assim que li, achei meio enigmático. agora entendi, ficou bem claro.não aceito mais.são livros que estão esgotados, casacos que a pessoa pegou porque estava com frio, a jaqueta e o vestido que sumiram do armário, a fulana levou sem nem eu saber que tinha ido embora daqui, adormeceu depois da festa, se serviu no armário e foi embora. a minha generosidade e/ou desapego são muito, mas muito burros.tem um livro que já liguei e falei pessoalmente com a pessoa, relembrei três vezes por email enquanto a via avisar que entrou no msn.meu amigo esteve acamado, queria ler, já sarou (que bom) e nada do livro voltar.dá para acreditar? que vírus é esse?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

sabedoria vintage



“álbum de orchideas brasileiras”
livro de 1930, de autoria de f.c. hoehne

capitulo: as parasitas trazem azar?

"superstição, afirmam os lexicólogos, é um desvio do sentimento religioso que induz a criar falsas obrigações, temor de coisas que nenhum medo devem inspirar, ou, ainda, a depositar confiança em coisas vãs".
“e continuo dizendo: é, portanto, sempre e invariavelmente, o resultado da ignorância, quiçá desconhecimento de determinados fenômenos naturais, físicos ou biológicos ( phenomenos .... phisicos.... como está literalmente no livro)
“a superstição, como todas as coisas más e tolas, é extremamente contagiosa e torna-se finalmente, moda entre pessoas de educação e intelecto semelhantes.
“a própria religião, quando se restringe a formalidades externas, induz o espírito de seus adeptos à superstição, como acontece quando é praticada pelo receio de um castigo ou na esperança de uma recompensa e não por verdadeiro amor.”

esse livro estava no meio de uma barraca de óculos e bijoux vintage numa feira de antiguidades.enquanto ela experimentava anéis, ele o viu, abriu e leu esse trecho em voz alta. ficaram comentando uma verdade: quando o poder de observação é dedicado e apurado,a mente e o coração absorvem, não distorcem,ao contrário, enriquecem a realidade.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

brevidade








era noite. acabara de ver o ensaio de uma peça em que não havia trabalho de atores.a direção estava querendo fazer uma instalação de gente, vídeos e idéias para falar sobre a brevidade.sentou no canteiro da calçada para comer um cone com os amigos. mais uma vez passou um ambulante, desta vez oferecendo poesia. era um senhor nordestino já de idade avançada, chamado fernando conrado, chamou sua atenção. pegou o folheto e leu o poema navegante: sou navegante de mares distantes. da coragem fiz a minha razão. amo demais a liberdade. por ninguém prendo o meu coração. não sei de onde vim nem sequer para onde vou. tenho sangue cigano por isso singrando os mares estou. não acredito em destino nem tampouco temo a morte. só quero a liberdade, sendo livre eu sou forte. ele contou que era casado, tinha três filhos e era feliz. para ele era vital dividir a sua poesia. ela gostava cada vez mais dela pois não mistificava nada, sendo livre eu sou forte.conseguia captar a consistência que havia (ou não) dentro da brevidade.da coragem fiz a minha razão.

meu urbano


meu urbano é tóquio.guarda na lembrança, mesmo sem ter conhecido, a obra póstuma do arquiteto kisho kurokawa (artista da harmonia e equilíbrio entre a moderna tecnologia e as tradições culturais),o centro nacional de arte,que faz o concreto vivenciar flexibilidade e ecologia e abrigar nonstop exposições de artistas.
e nem sabia, não fosse a recente palestra (traduzida do japonês), do pacifista, escritor e poeta daisaku ikeda que o ano de 2009 é dedicado,pela nações unidas, à astronomia - para comemorar o aniversário de 400 anos das primeiras observações do céu noturno realizadas por galileu galilei com apenas um telescópio.”galileu abriu para a humanidade as portas que dão passagem para o cosmos.”ele se angustiava com a abismal realidade da natureza humana, descrevendo ‘a ignorância como a mãe da hostilidade,da inveja,da ira’ , nos conta ikeda: “o modo de vida pioneiro de galileu foi marcado por uma sucessão de batalhas contra a opressão.ele jamais hesitou em sua batalha espiritual contra a tirania. por fim, declarou triunfante: “não precisamos mais da feia escuridão nem das tempestades adversas”. também acho.lembro quando li numa revista semanal, quase no final do século 20 (em 1999) que finalmente a igreja encerrara, depois de séculos, o processo contra o cientista acusado de heresia por ter percebido o que depois todos iriam saber que era verdade: que a terra gira sim em torno de si mesma e em torno do sol. na época, a inquisição não aceitava isso pois ia contra tudo o que ela pregava.galileu nasceu em 1564 e morreu em 1642. dá pra crer? pra mim caiu a ficha porque as nações unidas escolheram essa homenagem neste ano.nas horas em que grito contra a tirania da ignorância, saio declamando shakespeare ao vento: ....piedade....exilados daqui para a eternidade............

ninguém








nunca mais ninguém,
com sua pieguice morna,
irá tirar o vermelho de mim.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

minha roça

dentro de mim tem varais estendidos sobre a grama o ano inteiro.
o que precisa secar muito rápido coloco no verão,
o que quer carinho macio, coloco sob o sol de inverno.
adoro cheiro de sol, na calcinha, nas toalhas e nos lençóis.
fico indócil quando tudo quer virar cidade.
não gosto de gente que vive com pressa,
que fala mais do que ouve,
que passa e não vê nada,
que não sabe o que fazer e sente-se incomodado com o silêncio
ou que acaba de comer e já sente fome,
esfrego até os olhos pra ter certeza
de que não estou vendo fantasma, porque pra mim
gente assim até parece alma de outro mundo.

não tenho medo, boto logo pra correr,
gente chata não tem boldo nem carqueja que alivia,
e se não espantar logo, ataca e destrói a colheita.
as galinhas de angola passam agora
e soltam penas
que voam sob o varal
e eu coloco todas no meu cabelo, fica lindo.
o caminhão de gás toca pour elise para avisar que está lá na estrada.
na cidade todo mundo buzina à toa e tem mais gente que não vê que o outro existe.
de vez em quando faço suco de folhas de capim cidreira e limão bravo,com casca e tudo,parece até que o corpo escovou por dentro,como se fosse dente perfumado.


comidinha tem que ter charme, misturas inusitadas,
como essas pétalas de rosas na abobrinha e camarão.
amo comer frutos do mar no alto das montanhas,
ainda mais quando ele faz na panela de barro.
cachaça amarela aprendi a tomar com ele,
como se fosse tequila ou sakê,
vinho eu já sabia.
mais tarde vou estender o sol nesta noite gelada
sob os nossos cobertores ameixa, uva, espumante e turquesa,
a cama esta semana está bem colorida.
lembrei do meu amigo que sempre que me visita
diz que a minha roça é toscana,
podia ser até um filme do bernardo bertolucci.adoro!

terça-feira, 21 de julho de 2009

não existe retempo

eles conversavam. estava muito frio e ela tomava uma caipirinha na varanda.de repente ele ficou chateado. achava que ela estava remoendo assuntos que já pertenciam ao passado.assim que ele pronunciou a palavra remoendo, ela disse: você tem razão, as palavras dão a resposta. pegou um guardanapo e escreveu, para que ficasse bem claro: remoer = resolver. moer=solver
“estou remoendo porque para mim não está resolvido. moer é como socar mandioca no pilão até virar farinha e solver/diluir numa nova receita.enquanto não solve, volve até solver.”disse ela, feliz da vida.
“remoer vale a pena quando a intenção é resolver,sem julgamentos e avaliações repressoras, muito menos detestáveis e insuportáveis vitimizações (artifícios da vaidade pobre)”, continuou ela.
chega um momento em que se dá o salto quântico... pensou...não tem mais “re” – é aí que surge a verdadeira percepção, a solução e acaba com a repetição.isso é revolução, ou melhor, evolução. chega de “re”! deu pra entender?
deu sim, disse ele rindo e reconfirmando o seu amor.
os garçons já empilhavam as cadeiras e os abraçavam com sorrisos e palavras de não programada confraternização.um deles, casado e muito feliz(segundo ele) há 44 anos, ainda ofereceu um chopp de cortesia.
com certeza, tudo tem um tempo (desde que durante esse tempo nada fique parado).não existe retempo.existe reação.



segunda-feira, 20 de julho de 2009

apollo 11

um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade, disse o astronauta, há 40 anos,segundos antes de pisar, pela primeira vez, o chão da lua.
aqui na terra também podemos dar pequenos passos que,mesmo ninguém vendo, tem grandes significados.e sempre haverá pessoas que não acreditam, acham que tudo é mentira, que o homem nunca chegou na lua, e semeiam mais e mais mentiras (não deixa de ser uma opção, fechar as janelas e apagar a luz para a realidade).viva a ciência e a arte que se movimentam para varrer toda forma de ignorância humana.


nunca vi nada igual como o nosso mundo contemporâneo, em que a cada dia surgem novas religiões. parece cogumelo que cresce rapidinho em bosta de vaca depois da chuva no campo, aquele com que alguns fazem chá para ter alucinações.assustador! por outro lado, é desse jeito também que as religiões controlam uma avalanche de surtos psicóticos, como já diziam freud, jung e outros estudiosos da mente humana.
acordei outro dia pensando que se todos acharem que deus quis assim ou é causa e efeito, o efeito de todo temor e inércia será um bando de gente andando como zumbi pela rua, gritando “vade retro satanás” ou então ”desculpe, o problema sou eu, não é você” como frase de efeito, sem nenhum efeito. parece até o político corrupto,como esse que gerou manchetes dos nossos jornais da última semana ( de novo!!! há anos!!!) ao citar sêneca ( o filósofo romano dizia que a injustiça somente pode ser combatida com três ações: o silêncio, a paciência e o tempo. é verdade...não na boca desse político que enquanto fala isso para o público , articula e chantageia nos bastidores).
se eu não temesse o inferno eu mataria meu vizinho, estupraria varias mulheres, etc? que tipo de moral é essa que depende da idéia do inferno, da idéia de uma próxima vida para se viver com moral nesta vida presente?”, perguntou o cientista darwinista richard dawkins, umas das estrelas na flip de paraty.
(dá pra acreditar que o segundo astronauta que pisou na lua ficou revoltado por não ter sido o primeiro e ficou em tratamento psiquiátrico pra resolver a questão da própria vaidade? bem... pelo menos foi se tratar, ao contrário de muita gente que anda por aí e acha que está bombando e não sai da mesmice do mesmo lugar somente usando frases de efeito!). ah, tem mais...a nave não queria decolar e foi o vaidoso astronauta que os trouxe de volta ao chão da terra. resolveu o problema técnico com a ajuda de uma simples canetinha.

domingo, 19 de julho de 2009

meus interiores tem desejos que inspiram

meus interiores precisam e criam desejos que inspiram. desde muito pequena acordei para a percepção de quanta coisa acontece mesmo quando parece que não está acontecendo nada.


até quando tudo fica como uma sala branca vazia, cheia de cadeiras iguais, faço surgir um banco vermelho para criar novas relações e uma inusitada dimensão. é como se gritasse sempre por dentro “chega!” a tudo o quer acomodação.este piso é do século 17, gosto da tradição que atravessa os tempos e traz calor...é para sempre contemporâneo.

sábado, 18 de julho de 2009

consciência já é boa sorte

um jovem casal no japão encomendou uma casa ao arquiteto kenzo kuma com o desejo de viver bem de perto, junto à natureza, o vento e a passagem das quatro estações.aqui está a sala deles.
você já viu o inverno se tornar outono? perguntou lá no século 12 o sábio japonês, nitiren daishonin. e ensinou que no mundo dos seres humanos, só eles (os humanos) podem transformar qualquer inverno particular em primavera.é isso que cria equilíbrio ecológico, muda o ambiente.

bom dia, boa noite,bom dia

quer saber? não trocaria a minha juventude de ontem pela de hoje.foi ótimo e continua sendo, até melhor.a intensidade agora é melhor canalizada.quando o hoje é bem vivido, o ontem, do jeito que foi,faz um rico sentido.antes,estava sentada fora da canoa,agora estou dentro e conduzindo a minha canoa que sempre tem espaço para mais pessoas.tenho vontade de gritar para todos que não querem amadurecer (sempre que uso a palavra 'amadurecer' me vem à mente um pêssego rosado, perfumado e cheio de sumo): parem de seguir a procissão da mediocridade.não tenho palavras para agradecer a minha mãe que sempre me disse, provocando a minha própria reflexão:a maioria não é você!como disse picasso, youth is not age.amo, por exemplo, a geração de vinte que conheço. mas tem uns, tão cheios de dogmas e velhacarias que chega a assustar.tomara que acordem ou então que não atrapalhem a sociedade que quer evoluir. (ah, já viu pêssego que não avança? fica verde e duro no pé,nem passarinho quer...nem pra fazer doce em calda, continua pegando áspero na língua...)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

chega!!! é a queda da bastilha

tenho oscilado entre o prazer integral e
o “chega, não aguento mais!”
quando resolvo botar isso
no papel, percebo que
não são extremos,
ao contrário,
os dois se completam
um ao outro
e
criam
o chamado caminho do meio
(na verdade,caminho do meio é a síntese dos extremos,
muito longe do que algumas pessoas interpretam como uma tranquilidade amorfa e irreal).

e você, a quantas anda a sua revolução francesa particular?


calle libertad

chega em casa do trabalho, fala ao telefone e no msn ao mesmo tempo, envia e responde emails, espia os recados no orkut e resultados de testes no facebook enquanto termina o post e escolhe foto para o seu blog.posso falar? estou de saída... hmhm... responde com o olhar fixo na tela.toca o celular,é ele, já dentro do avião e , mais uma vez, a enche de beijos.ela desliga e questiona. ele veio de longe e planeja o tempo.ela está aqui e vive o seu tempo.a amiga questiona se será ele mais um narcisista a atravessar o seu caminho.bem..difícil dizer,este pelo menos, aprecia mulher, ela pensa.naquele outro o narcisismo era sim berrante e cegante e não era nem necessária uma escuta apurada (até a experiente analista apontou) que o problema dele era a falta de coragem de assumir que é gay.
despede-se dela,que agora está no chuveiro,sai. a noite está fria. enquanto desce a íngreme ladeira cheia de folhas amarelas no chão, passa o seguinte pensamento: ah, não consigo compreender porque alguns só vivem para dar satisfação para os outros, movidos pelo medo de serem reprovados se assumirem quem são. vão se enrolando num comportamento tão fake e deturpado, parece simpatia de programa de auditório de televisão.do outro lado da calçada ela vê de longe um casal que a faz lembrar de uma história que viveu. eles estão apreciando a fachada de um prédio antigo. como ela, há tantos anos, quando passou com ele em frente a um prédio lindo e viu naquela esquina que o nome da rua era calle libertad. desejou naquele momento e falou para ele porque não passavam a morar juntos. ficou imaginando...ela escrevendo o seu nome seguido do endereço tão bonito, libertad. o espontâneo convite funcionou como uma bomba de neutrons na relação que, mesmo à distância, durava tão bem. a partir desse instante congelou, ele não conseguia sentir mais nada.mal sabia ela que, naquele instante, estava abrindo o caminho para a libertação. ele terminou o namoro, sumiu e quando ela se apaixonou de verdade de novo, ele reapareceu, queria ela de volta. ela não foi ao seu encontro, venceu a tentação e a curiosidade e disse não... mais tarde soube que ele estava muito bem casado com um outro ele e que continuava frequentando os amigos de sempre. a família (hiiiiiiiiper tradicionalista) não o rejeitara.ficou feliz com o verdadeiro happy end. a calle libertad conduzira os dois para o verdadeiro encontro.



quinta-feira, 16 de julho de 2009

receita de bemviverbem

esta é uma receita bem sofisticada. além dos ingredientes serem raros e caros (caros pois exigem real envolvimento), tem que se prestar muita atenção para não confundir certos temperos, como a sinceridade, com o que parece mas não é.
primeiro, cultivar a coerência entre palavra,sentimento, pensamento e ação, o que definirá a qualidade do sabor.se estiver difícil demais perceber o ponto dessa consistência,busque tratamento. para a receita não quebrar o dente, precisa separar o joio do trigo. não aceite o ‘parece mas não é’- fique bem atento. detecte se existe um real esforço nesse cultivo ou somente blábláblá de vendedor.cuidado para não azedar a mistura: nenhum sofrimento dá o direito de fazer o outro sofrer, isso é como ovo podre, se misturado errado põe toda a receita a perder.reserve.cure primeiro.
a sinceridade é o ingrediente mais raro.sobretudo no mercado de hoje em que prolifera, mais do que nunca, a hipocrisia.difícil um hipócrita reconhecer outro hipócrita.para encontrar sinceridade é preciso em primeiro lugar possuí-la.mesmo a possuindo será enganado, tentarão te oferecer falsos ingredientes.não desanime, fique atento, depure a sua pois é aí que está a essência do sucesso da receita.
desejo real é outro ingrediente raro. não basta ficar olhando só para a panela do outro, ela até pode funcionar como um incentivo de que a receita é realmente possível e só isso. uma pergunta imprescindível para que o desejo tenha liga: o que você tem oferecido para os outros? tem criado algo novo ou só copiado e enganado,repetindo idéias da panela dos outros e oferecendo o que jamais lhe pertenceu? desejo real é original.
sem paixão não há dedicação que resista.é como assar num forno sem chama.nunca nada dá liga.paixão não é vento que sopra e vai embora, paixão também se cria e alimenta, está diretamente ligada ao frescor e originalidade de todos os outros ingredientes.paixão é tempero diretamente entrelaçado, como erva trepadeira, à disposição para mudança e à renúncia a tudo o que não serve como fermento ao crescimento. observação e reflexão sincera apuram o sabor e aroma da receita.
bom apetite!



quarta-feira, 15 de julho de 2009

milho para as galinhas

as galinhas amam milho, os pássaros sabem voar, os cachorros respondem com gratidão a todo cuidado e carinho, as crianças adoram brincar, os adultos são enrolados, alguns não sabem fazer outra coisa a não ser mentir,bajular, falar mal e invejar.
ela vestiu seu casaco azul e foi alimentar as galinhas. elas, pelo menos, botavam ovos que se transformavam até em lindas tortas. ovo podre era fácil descartar, todo mundo sabe que ele exala um cheiro insuportável.mesmo assim, vale lembrar para tomar cuidado,abrir numa vasilha à parte para não correr o risco de perder toda a receita.

terça-feira, 14 de julho de 2009

(confirm)ação


ela acordou e cantou mais uma vez. o canto ritmado lhe fazia bem. colocava a sua respiração e o seu corpo num ritmo de espontânea ação.saltou da sala como uma onça pintada in natura disposta a defender a si mesma e a sua ninhada contra tudo o que só quer destruir o que precisa crescer e interagir.nessa jornada de acelerada pedalada ficou claro para ela que existe um caminho em que os conflitos somente se perpetuam. ela seguia em frente o caminho que seu coração (que todos diziam ser de vanguarda) apontava: nele, os conflitos não minavam a sua energia, ao contrário, alimentavam positivamente a sua libertação.já de noite, em casa, abriu o antigo livro de anis nin, reencontrado no sábado num sebo perto do palácio, onde o caminho há anos começara à beira mar.e viu nas páginas amareladas pelo tempo, varèse, o compositor, dizer: não existe vanguarda. há apenas pessoas um pouco atrasadas. sorriu.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

nonstop veloz



ela cantou durante uma hora. respirou a partir da boca do ventre.
viu tudo passar na velocidade da mente.sentiu vontade de sair correndo muito mas não o fez.correu por dentro.sentiu muita raiva pela diferença de ritmos e nível de educação emocional que causava tanta indiferença e descompressão.nada daquilo fazia sentido.quieta, correndo sem parar por dentro, comeu devagar e apreciou o brownie com sorvete de creme e calda quente. era o que de real podia se proporcionar naquele momento.havia um grito preso dentro dela que queria sair mas não saía, parecia aquele quadro do munch.uma raiva sagrada, como dissera a lygia, contra a falta de ética e o corporativismo que só sabia dar desculpas e gerar confusão.para que falar sobre isso?.. pensou. para exorcizar essa momentânea falta de ânimo e esperança, respondeu.ela já sabia que quando ficava assim estava abrindo uma nova estrada, tirando o capim alto e cortante a facadas, capim que não era alimento, só ocupava a terra impedindo qualquer fertilização.

sábado, 11 de julho de 2009

em movimento


palavras ( pra mim) nunca foram nem são surradas à toa.
segue o teu destino, rega as tuas plantas, ama as tuas rosas, o resto é sombra de árvores alheias. deixa a dor nas aras como ex-voto aos deuses. imita o olimpo no teu coração.
ah, sei sei, conheço...conhece mesmo?
desde o final da minha infância (existe isso?) estes versos de fernando pessoa me acompanham como um mantra em ação, melodia que semeia, cuida e colhe.com certeza, como disse goethe,”semear é mais fácil do que colher”.é mais fácil conquistar do que manter o fogo da conquista aceso.
evito entrar na sintonia dos que amam somente alimentar conflitos estéreis. mesmo quando saio de cena, não fico passiva.às vezes demoro pra perceber os que são movidos, mais do que nada, por esse mórbido prazer.é que a aparência dos que enganam sempre engana.eu acrediiiiiiiito nas pessoas...quando chega a decepção, quando a verdadeira face mórbida se desnuda, penduro-a nas aras, como ex-voto aos deuses. genial ex-voto,não é? não paro o meu movimento nem ofereço sofrimento que não gera nada de novo aos deuses.
isso me traz à mente a imagem de uma vez em que minha avó, residente em buenos aires, quis conhecer uma igreja no interior da argentina e lá fomos nós para o longo passeio, ver um monte de perninhas e braços entre velas e cheiro de cera derretida, como forma de gratidão a nossa senhora, por terem voltado a se mexer.eu era pequena e achei tudo aquilo uma estranha e perturbadora instalação.
com o tempo aprendi a não colocar lixo no coração,não permitir que vampiros suguem a minha energia e a expandir a minha compreensão. é claro que fico indignada com um monte de aberrações.isso não me impede, no entanto, de alimentar um profundo amor pela vida e lapidar cada dia mais a minha convicção no valor do que , tenho certeza, é bom para todos. a vida assume várias formas para demonstrar seu valor.vê quem está disposto a querer.por regar as minhas plantas e amar as minhas rosas é que eu posso ignorar (e de longe torcer pra que um dia, quem sabe,você descubra) ou amar, bem de perto, você.já perdi o complexo de clarice,ex-voto mesmo,não fico mais exausta por querer salvar o mundo.toda vez em que eu me salvo, salvo tudo o que me cerca. e o que me cerca é muito, mas muito grande.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

o que nos move?

(o que importa não é como nos movemos, mas o que nos move, dizia pina bausch. pouco se falou sobre a morte dessa grande artista na imprensa nacional...berrou jabor em seu artigo, reclamando desse silêncio também, de só os cultos e descolados saberem quem ela foi: caímos numa espécie de perversão do lixo, um estranho amor pelo circo pegando fogo, uma volúpia pelo excremento, um frisson pela ignomínia.)
li a entrevista do jornalista americano jon lee anderson que prepara reportagem sobre o tráfico no rio para a revista the new yorker. e vejo que o que ele fala sobre o crime organizado serve para absolutamente tudo.não tem como se construir nada de valor de mãos dadas com a hipocrisia.às vezes dá a impressão que os avanços da comunicação só aumentam os ruídos e distorções.uma eterna brincadeira de telefone sem fio.
bem, vai aqui vai um pequeno extrato do que anderson disse:
- no rio, o comportamento criminoso visa principalmente a ganhar dinheiro. é inteiramente materialista. eles não lutam ou arriscam suas vidas para mudar a sociedade.eles arriscam suas vidas para vestir um empório armani. e me assusta ver que o resto da sociedade, que também gosta de vestir um empório armani, está feliz em deixá-los fazer isso.é claro que a sociedade vai dizer que não está feliz, mas sua inércia diz o contrário.
- os traficantes se justificam dizendo que vendem porque há demanda. é um argumento antigo, mas não é desculpa.você acaba deixando de lado o problema real.você poderia dizer que se não houvesse crianças, não haveria pedofilia .passa pela psicologia do crime culpar a sociedade por seus atos.é dizer que a polícia é cruel, então tenho que matá-la; que os ricos nos exploram, usam drogas e são moralmente decadentes e então sou melhor do que eles, porque sou pobre e há virtude em ser pobre. só que não há virtude em ser pobre, a pobreza não tem a ver com virtude. da mesma forma que não há virtude em ser vítima.
- se você não lutar para consertar um problema logo, todos acabam vivendo juntos e todos são culpados juntos.no fim, a diferença entre bons e maus é pequena. fica difícil identificar quem é culpado ou inocente.na essência, qualquer crime organizado funciona assim. se você deixá-lo continuar, você cria um ambiente deformado.



quinta-feira, 9 de julho de 2009

inspiro, expiro, suspiro

hmmm...saudades de receber uma carta assim... cansada de tanta vulgaridade.já recebi uma carta desse jeito, a resposta veio muito rápida, era de um rei estrangeiro e vinha com a sua assinatura,de próprio punho...respondia as minhas perguntas sobre a autoria de um quadro. foi tão gentil que parecia que eramos amigos de longa data. as pessoas verdadeiramente educadas são velozes em responder quem quer que seja. pra que tanta tecnologia de comunicação avançada se o coração e a mente não acompanham,hein?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

a insustentável falta de sentido

não aguento mais ouvir absolutamente nada sobre relações ou falta de alguma.evito qualquer comentário,fico só ouvindo (quando é inevitável). mme g abraçou o escritor e disse: ah, eu sei porque vocês não ficaram juntos, porque você não gostava mais de fazer sexo com ela. dá para acreditar numa colocação tão fast food como essa? ah, eu não quero me apaixonar agora porque não quero perder a minha liberdade, dizem outros.não consigo compreender, me apaixonei ‘n’ vezes e nunca perdi a minha liberdade.ao contrário, o outro sempre ampliou a dimensão de mim mesma,o enfrentamento com minhas luzes e minhas neuras.o outro sempre me deu o discernimento e tornou mais claras as minhas reais prioridades. claro que já aconteceu de eu ficar escrava de algumas paixões, passou logo, não suporto quando a dor e angústia ficam maiores do que o prazer, parece morte em vida.depois que passa fica fácil escrever assim, eu sei. é que tem muita gente hoje que segue a linha que groucho marx, brincando, indicou : jamais entraria para um clube que me aceitasse como sócio.ontem, sem querer, por não saber lidar direito com a tecnologia dos blogs, me coloquei como minha própria seguidora.não me pergunte como isso aconteceu. tinha uma amiga aqui em casa que queria entrar na lista e entrou eu.quis me deletar e não consegui. perguntei ao google como faço isso e respondeu que para essa pergunta não tem resposta.ah...quer saber, deixa ficar, se cada um de nós não for seguidor de si mesmo em primeiro lugar, como será possivel amar e manter o tesão aceso? não, não é egotrip não.ah, também não quero ficar explicando...groucho já deu a dica.cansei de ver como muitos ficam separando a vida em departamentos: intelecto, sexo, emoções, pulsões e espiritualidade, como se fosse tudo separado. nada disso é separado.tudo está interligado e influenciando um ao outro o tempo todo.acho linda a deusa iemanjá e outros mitos e deuses populares, mas ficar jogando calcinha usada no mar esperando que iemanjá mande de volta uma paixão, me poupe...ah, e teve outra da mlle v: ela não sabia onde enterrar o seu querido gato de estimação que morrera, jogou entre as ondas de copacabana e depois de orar o seu mantra, acreditou que o mar , o gato e o mantra trouxeram em sua vida um gato lindo por quem ela finalmente se apaixonou.mme g, lá do começo, confessou depois que por pensar assim como ela se colocou, se ferrou durante longos anos e agora descobre que o caminho é outro.sempre há tempo de se adicionar e viver um verdadeiro gozo.

heal the world


michael, fiquei comovida com a cerimônia de sua despedida. a sua arte se fez presente no momento da sua morte assim como durante a sua vida.lindas e sinceras palavras de brooke shields,da família luther king, da senadora que te homenageou e a postura corajosa de paris, sua filha.e a emoção de stevie wonder?calou a boca de todos os seus difamadores.preferia que você não tivesse se agarrado a todos esses analgésicos mas já que foi assim, fica a lição para os imbecis que só sabem sobreviver julgando e falando mal dos outros.smile, even though is aching................

terça-feira, 7 de julho de 2009

lar mundo lar

nunca pensei que fosse um dia me apaixonar por eletrodomésticos.fico olhando pro meu fogão e máquina de lavar e agradeço a presença recente deles na minha casa.a lavadora tem programa até para branco encardido, acabou aquela chatice de deixar de molho.o fogão é tão veloz e inteligente que toda vez que fico ao lado dele, canto de novo ah, se todos fossem iguais a você....ah e ele é espelhado, reflete nossa caminhada.meu lado dona de casa não é nada convencional.aqui em casa todos sabem ser criativos e rápidos nas receitas e seguimos a linha world music, harmonia e entendimento entre várias culturas.com a minha amiga provençal , aprendi a não passar roupa. tem coisa mais brega, por exemplo,do que linho passado a ferro? e algodão só comprova ser 100% puro e verdadeiro se amassa. é só saber espichar no varal. acho muito feio homens todos engomados, desses que levam a camisa no cabide dentro do carro(imagino como eles devem ser na cama...todos programados).a parte que eu mais gosto das tarefas domésticas é a hora de acender velas e abrir a garrafa de vinho.não sou dona de casa, sou dona do meu espaço e do meu cotidiano. nele crio os sabores de acordo com o momento. a última receita ligeira foi a sole que me ensinou, lentilhas com camarões e muitos temperos.nem na cozinha recuso novas misturas. aqui ninguém faz todo dia tudo igual. bem, o dia começa com sucos mirabolantes e o café tão gostoso que ele faz no coador de pano. gosto de pulverizar com canela.sou muito ligada tanto em aromas quanto em sabores( quando estivemos no peru, só eu sentia por trás do sabor dos legumes um cheirinho de lã de lhama).e percebo logo quando algo foi feito sem vontade e sem amor.isso não tem acontecido nem quando como na rua e como muito na rua. acho que as pessoas estão se conectando cada vez mais com a importância do que entra na boca.tomara...
acabei de escrever esse texto e decidi fazer um jantar para a minha filhota que volta de viagem. tenho sido uma mãe muito artist coach, resolvi demonstrar de um jeito mais tradicional todo o meu calor.enquanto cozinhava e buscava os temperos, resolvi procurar algo na tv (que está na cozinha, já que quase nunca assisto). revirei canais fechados e abertos e finalmente parei com o darcy ribeiro falando sobre o povo brasileiro daquele jeito suculento e apaixonado que ele tinha. logo em seguida veio um programa sobre violeiros,violas caipiras, de sete cordas, violas d’amour.fiquei tão feliz por reencontrar o brasil que faz a diferença.andei exausta ultimamente com alguns brasileiros, que vi bem de perto, que só sabem contaminar o ambiente. ah, eles não vão roubar a minha alegria nem a minha criatividade.são apenas produtos com validade vencida.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

veneza, uma metáfora

até quando vamos ficar empurrando com a vassoura o que nós mesmos criamos? o premiado fotógrado chris anthony fez uma série de fotos chamada 'veneza', uma metáfora sobre a cidade que está a cada dia afundando um pouco por causa do aquecimento global, fazendo com que seus habitantes enfrentem a ira da natureza e busquem caminhos para uma nova vida dentro do mar.
tive a sorte de conhecer veneza num dia em que quase não havia turistas. fui sozinha, senti que estava num cenário imaginário. na volta, ao vê-la se distanciar do meu campo visual,chorei de emoção no barco, por ver que o homem era capaz de construir algo tão belo e impactante quanto um nascer ou por do sol.
ao ver agora essa imagem da mulher varrendo o mar, penso o que as pessoas pensam sobre as relações? consigo mesmas, com os outros, com a natureza? está tudo interligado...o que estamos criando, onde começa a falta de atenção? começa, eu diria, na falta de educação, na falta de uma visão realista sobre o que significa habitar este planeta e que planeta é cada um de nós.a terra gira em torno de si mesma e em torno do sol.até quando as vozes egoístas vão brigar para predominar e ir contra qualquer forma de claridade? não falta gente neste mundo que cria tesouros e aponta caminhos que são dignos para todo mundo. não dá para ter pena dos mesquinhos trancados em seus vulgares condomínios.

domingo, 5 de julho de 2009

protejam estas casas



“adoro ver como as pessoas organizam suas casas. tem a ver com a forma como elas pensam e revela a maneira como vêem o mundo.pela casa, é possível ver a beleza interior das pessoas”,
diz o fotógrafo carioca francisco moreira da costa. ele acaba de inaugurar uma exposição no museu do folclore, no catete, com fotos de casas de artistas e artesãos brasileiros, depois de dez anos fotografando o país.
o seu olhar me tocou e muito , penso no enorme brasil que dá certo, de gente verdadeiramente humana. lembro-me de casas assim, no interior de minas gerais, interior de são paulo ou no belém do pará, em que fui sempre tão bem recebida como se fosse uma parente querida que acabara de voltar.a hospitalidade é de comover. existe um padrão que percebo em quase todas: o amor à família, a fé sempre exposta nos mais nobres lugares ( e não a televisão), a cozinha como sala de estar e centro de encontro.as salas chegam a ser austeras, quase nunca tem espaço para a preguiça.a comida e o trabalho alimentam o dia a dia. a troca de vivências acontece em volta do fogão,a comida sempre dá partida à boa prosa.consigo ver o sorriso e a energia da dona desta cozinha que forrou uma parede com tecido e sobre ele organizou as tampas das panelas, quanta vida, que linda instalação! a sala cor de jade tem nas flores sobre a mesinha o centro de um mandala.nada aqui é em vão.como diz o fotógrafo, a cultura popular já usa material reciclado há muitos anos. faltou material para terminar uma parede? bota um tecido florido por cima!a beleza não pode esperar.



educação, estilo e determinação

elegância é quando o exterior é tão belo quanto o exterior, disse coco chanel. e mais: ‘a moda não é algo presente apenas nas roupas . a moda está no céu, nas ruas, a moda tem a ver com idéias , a forma como vivemos, o que está acontecendo’.
e o que está acontecendo?
outro dia , no meio da peça linda e corajosa da elisa lucinda,'não falem mal da rotina’, ela falou sobre a mulher que virava o bicho com a filha e dizia, na frente da menina, que ela só poderia ser fruto daquele maldito pai demônio/ao mesmo tempo em que militava numa ong pela paz/ e na hora me lembrei de uma mulher exatamente assim. que paz é essa? perguntou elisa.mais uma vez lembrei do meu amigo alberico que um dia inventou a expressão ‘elegância de alma’ (quando comentei sobre uma mulher do campo, super humilde, viúva com oito filhos, criados a base de leite de vacas que produziam litros vendidos por uma ninharia, e que tinha uma elegância inata...).
no jornal de ontem, constanza pascolato fala, no livro que está lançando nesta segunda, que ‘estilo é o que distingue quem espelha de quem irradia’. a maioria espelha, com diz ela.
lembrei da minha infância, recém chegada ao brasil, num apartamento em que, entre o escritório da tecelagem santa constância (da família de pascolato) e nossa varanda, se expandia um secular carvalho. no primeiro andar do prédio em frente, funcionava o restaurante fasano.do lado de cá o ateliê de alta costura com o meu nome. minha mãe estilista encomendou,durante uma semana,almoços que chegavam a minha mesa diretamente do fasano,as batatas, por exemplo,chegavam em forma de cisne que traziam no dorso petite pois, para abrir o meu apetite que se fechara por perceber que tinha algo errado. nunca gostei de ver sofrimento disfarçado. como a prioridade inconsciente de todos nós era a elegância integral, tudo evoluiu para um final verdadeiramente enriquecedor. mistérios da vida... construídos dia a dia.quem escolhe entre irradiar ou espelhar,hein? pense nisso.
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