quinta-feira, 14 de julho de 2011

a falta que ela nos faz




a nossa amada scottish terrier partiu,numa ensolarada e translúcida manhã de inverno, no segundo dia da lua nova, primeiro dia deste sétimo mês . despediu-se com a mesma elegância com que viveu durante 13 anos. um comportamento que tocou sempre o coração dos que a conheceram e conviveram com ela.interferiu de uma forma  positiva em todos os ambientes por onde passou, sem ocultar suas preferências e escolhas.poucas vezes aconteceu dela exibir  seus grandes caninos de terrier, sem nem precisar morder, para impedir que aqueles com quem não desejava conviver, gatos ou  alguns machos a quem não autorizara que xeretassem suas partes íntimas,invadissem o terreno de sua vida.ela tinha timing.as pessoas a quem tenho chamado de 0800 ambulante , ela ignorava, ou melhor, não permitia que afetassem sua energia.” deixe que ela vai escolher o momento certo de partir”,disse m. l. ,quando lhe contei sobre o diagnóstico do veterinário,  quem sabe pra voltar gente...ah, será que voltar gente é realmente evolução?dá para crer que  o ser humano é superior a todas as outras formas de vida por ser o único que tem consciência sobre si e o outro? não acredito nisso não. uma grande maioria de seres humanos não tem consciência nem sobre si mesmo ,o que dirá sobre o outro e só desequilibra a natural harmonia do meio ambiente. ela tinha inteligência emocional e espiritual. ah!!! dirão alguns, um cão tem inteligência espiritual...o que é inteligência espiritual??? e eu digo: é a soma de sentimentos que se traduzem em conduta. é conhecer e dominar a linguagem do coração.  ela dominava a linguagem do coração. lembrei agora da adélia prado falando que as mulheres possuem um radar de sintonia fina mas também há homens assim e mulheres desprovidas deste aparelho.  há também animais que possuem um radar de sintonia fina e gente que não.há gente que consegue , até  através de um telefonema, passar e deixar somente ausência de vida. ela deixou uma transbordante gratidão em meu coração,por tão rica convivência e doação.pensei nessa energia linda que vivia pulsando naquele corpinho que andava rebolando, suas patinhas de trás como os pés endehors de uma bailarina, no seu comportamento e reações  sempre tão sábias, personalidade sensível,  alma chique.não tinha nada de submissa muito menos de bajuladora. naturalmentecarismática.nunca esquecerei aqueles olhos tão eloquentes.depois de mais uma noite à beira da lareira, adormecemos . ela me acordou balbuciando algo,acendi o abajur e , já fraquinha, girou o pescoço com firme  decisão efixou os seus olhos nos  meus, emitiu um som diferente e se foi, suspirou languida no colo do meu marido.na hora nem chorei, fiquei fazendo carinho nela e agradecendo, cantamos o mantra que ela amava ouvir, fizemos declarações de amor.fiquei acariciando o seu corpo quentinho.ànoite sim, chorei muito, falei um monte, em voz altadisse: volta gente não, gente faz muito estrago. a escolha é sua, claro, mas agora te vejo um condor.voa, minha linda, sua energia me marcou, a saudade é de quem foi amada e amou e aproveitou.obrigada, minha querida, por todos esses anos de tão especial e enriquecedora, significante companhia.agora a lua entrou em fase crescente. deito na grama sobre o pano indiano que compartilhávamos, entre o sol e a lua, a tarde está clara, pode-se ver as montanhas lá longe.não choro. a saudade dela preenche o meu coração com plenitude.mais uma vez agradeço termos vivido nosso tempo com qualidade.ainda deitada sobre o pano indiano,olho para o vaso na varanda e a vejo naquela manhã, há pouco tempo,quando um passarinho adolescente bateu a cabeça no vidro da janela e caiu tontinho no chão. quando acordei, meu marido estava cuidando do passarinho, dando água com açúcar para ele e depois passando gelo na cabecinha dele.ele se recuperou mas não voava, ficou sentadinho, parado. examinei as asas, percebi que estavam inteiras. então tive uma idéia, lembrei de uma cabalista inglesa que disse que essa inteligência, a que alguns chamam de deus, é pressão. chamei nossa scottish e ela cheirou a cabeça do passarinho com o maior cuidado e carinho, compreendeu a minha proposta, e ele voou cheio de energia. era apenas medo de quem ainda é  inexperiente, está aprendendo a voar. sim. m. l., ela escolheu o momento de abandonar aquele corpinho charmoso e expandir o seu vôo.às vezes até acho que ela adiou um pouquinho a sua partida vendo o meu olhar cheio de apego. até que um dia a abracei e olhando bem nos seus olhos ,lhe transmiti todo o amor que sentíamos por ela, que não acaba aqui. disse-lhe: reage ou descansa. hoje acordei, a casa está vazia. vejo seus olhos nos meus, o rabinho dela abana feliz , faz cócegas no meu coração. 



3 comentários:

regina luppi disse...

lindo minha amiga...senti um aperto no coração quando soube...sei muito bem o quanto era amada.procurei dar um consolo á carol no dia que ela postou.fiquei muito triste mesmo.
muito lindo oque falou sobre a jeanny...era muito especial mesmo
beijos pra vcs.
regina

Betina Cupello disse...

Amada amiga. Suas palavras sempre tão cheias de verdade e emoção, que eu amo. Fica forte. Saudades absurdas de vc!!! beijo no coração

Lívia Caetano disse...

Simonetta, minha amiga, vivi cada momento descrito e fotografado e chorei junto, mas sinto toda a força e amor que a Jeanny deixou com vocês. Logo estarei aí.
Saudades,
Lívia

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