sexta-feira, 9 de outubro de 2009

os dez passos

li um artigo que o paulo coelho escreveu recentemente em que citou os dez passos do caminho espiritual da tradição oral.pensei que esses dez passos se adequam a qualquer caminho,quer ele fale em deus, santos, profetas,budas, estado de buda, materialismo,ciência,ateísmo, psicologia, arte,etc. ao ler com calma e sem preconceitos, percebi porque certas pessoas avançam e são adoráveis e outras criam verdades absolutas distantes da vida real e se enroscam em dogmas absurdos, irreais, radicais e desumanos. achei que esses dez passos esclarecem até porque, por exemplo, uma pessoa faz análise e se torna mais sábia e de bem com a vida enquanto outra não resolve absolutamente nada,não cai a ficha,continua perambulando como sonâmbula,repetindo sempre os mesmos padrões sem nem se dar conta, vira doutora em desculpas.
quando leio caminho espiritual, não penso somente em religiões, filosofias, penso que até a pessoa que diz que não segue nada, esse nada já é um caminho, algo que guia a sua conduta,todas as suas relações afetivas, sexuais,amigas,com os outros e com a natureza.afinal tudo começa no mundo das idéias e o sentimento acaba dando a forma. enfim... pensei que em qualquer área de pensamento e atuação humanas,todas as pessoas que conhecemos e encontramos acabam sendo de alguma forma nossos mestres e podemos até encontrar e reconhecer um mestre fundamental e ser um discípulo que vai além de onde o mestre foi.bem, isso é o ideal. como foi a relação de sócrates e platão, grotowski e stanislavski e tantos outros exemplos da história - ou, por exemplo, a professora que te alfabetizou (e o que você fez depois disso?). aplicar os ensinamentos que se recebe e ir além, dentro da sua própria história, tempo e lugar está diretamente conectado ao nível de sensibilidade, gratidão e caráter.como dizia sakyamuni, o príncipe sidartha na antiga índia: “o buda se conhece pelo seu comportamento como ser humano”. gosto disso,nada transcendental, acima dos problemas mundanos. portanto, diante daquele ditado – “quando o discípulo está pronto, o mestre aparece” acho essencial perguntar: pronto para que?
segue o trecho do tal artigo, façam a sua própria avaliação (substituam as palavras deus, luz divina, santo,...pelo que vocês acreditam):
“todos nós, no início de qualquer jornada, temos o que é chamado de “sorte de principiante”, a amostra grátis da luz divina está plantada no coração e acorda ao menor sinal. mas à medida que escolhemos o caminho, então cabe a nós pagar o seu preço, se desejamos seguir adiante.
os dez passos
a tradição oral listou os dez passos do caminho espiritual:
a inquietação: a pessoa percebe que precisa mudar de vida, seja por tédio, seja por sofrimento.
a busca: vem a decisão da mudança. a busca dá-se com livros, cursos, encontros.
a decepção: começam as trocas de caminho. aquele que está buscando percebe os problemas e defeitos dos que ensinam. por mais que mude de corrente filosófica, religião ou sociedade secreta, encontra os problemas clássicos: vaidade e busca de poder.
a negação: é comum abandonar o caminho depois de constatar que os que estão nele ainda não resolveram seus problemas.
a angústia: o caminho foi abandonado, mas uma semente foi plantada: a fé. e cresce dia e noite. a pessoa sente-se desconfortável, com a sensação de que descobriu e perdeu.
o retorno: por causa de outra ruptura séria (uma tragédia, um êxtase, etc.), a pessoa descobre que sua fé está viva. e a fé, se for bem cultivada, resiste a qualquer decepção.
o mestre: o momento mais perigoso. mestres são apenas pessoas experientes. o caminho é individual, mas - neste momento - pode desvirtuar-se e virar coletivo.
os sinais: o mestre é abandonado, quando o caminho se mostra por si mesmo.
mediante sinais, deus lhe ensina o que precisa saber.(sobre os sinais,ou como esse assunto é colocado, acredito que um mestre nunca é abandonado mesmo que ele já tenha morrido, seus ensinos sobrevivem nas ações e na sabedoria que criamos e absorvemos para aplicá-los na vida. concordo que um bom mestre não gera dependência (acho que é isso o que a tradição oral quis dizer), ao contrário,prepara um ser que anda com as próprias pernas, um bom mestre não encarcera, um bom mestre libera,faz com que o discípulo descubra a que veio e expanda o que aprendeu.
acredito também que quanto mais aprimoramos a nossa percepção mais conseguimos interpretar os sinais a tempo de não botar tudo a perder).

a noite escura: são feitas as escolhas. a pessoa muda sua vida e dá seus passos apesar do medo.
a comunhão: é o momento em que, como dizia são paulo, a própria divindade passa a habitar a pessoa. o mistério dos milagres manifesta-se em toda maravilha e grandeza.”
isso me lembra o escritor leon tolstoi: “ para uma pessoa se tornar um verdadeiro ser humano, ela deve estar consciente de que deus existe em seu próprio interior.” ou o poeta walt whitman:
“ de agora em diante não peço mais boa sorte, boa sorte sou eu.” ou, mais uma vez, sakyamuni: “o buda se conhece pelo seu comportamento como ser humano.”

2 comentários:

Passarinha disse...

Maravilhoso!Maravilhoso texto, analogias,tudo.Seus olhos sempre tão abertos são incríveis!

Carlota Vasconcelos disse...

O Paulo Coelho foi e é uma figura importante no meu caminho. A partir dele minhas perspectivas de vivência foram se transformando e ele colaborou em muitos aspectos de meu amadurecimento, porque intermediou caminhadas interiores e reflexões acerca de minhas escolhas. O Paulo realiza porque transmite aquilo que muitos de nós somos, com questionamentos e expectativas. Ele percorre a própria estrada e nos doa suas iluminações. A similaridade que nos une é tão intensa quanto as particularidades que nos diferenciam. Todo dia é uma estrada, e cada hora pode mudar um destino. Ninguém sabe de nada, mas pode arriscar investir em alguma coisa. E essa crença de minuto pode resultar num destino. Adorei o post, porque adoro seu blog e adoro o Paulo. Bjs, abraço fraterno!

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