ah, o corpo, pra mim? é como um mapa, desses que a gente compra pra se entender numa cidade. eu gosto de mapas que foram manuseados, marcados, que tem manchas do tempo, marcas do abre e dobra e fecha. mapas lisinhos ainda são estranhos, ainda ninguém consultou, aqueles que ficam aguardando quem vai comprá-los...afinal eles foram feitos para dar um sentido pra quem busca sentido. também não gosto de mapas maltratados, em que não dá pra ler mais nada.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
corpo também é mapa
ah, o corpo, pra mim? é como um mapa, desses que a gente compra pra se entender numa cidade. eu gosto de mapas que foram manuseados, marcados, que tem manchas do tempo, marcas do abre e dobra e fecha. mapas lisinhos ainda são estranhos, ainda ninguém consultou, aqueles que ficam aguardando quem vai comprá-los...afinal eles foram feitos para dar um sentido pra quem busca sentido. também não gosto de mapas maltratados, em que não dá pra ler mais nada.
foi assim que respondi à uma linda amiga, que conta que nem chegou aos 40 e já tem joanetes, manchas brancas e pintas na pele, fios brancos nos cabelos, vista que embaça de perto...ela apenas registra, não reclama. é uma mulher linda. observa. ela tem insônia porque é muito intensa e criativa e nem tudo cabe no seu dia a dia, com duas filhas pequenas e todas as angústias que vivem aqueles que são sensíveis, os artistas que contam por enquanto apenas com o patrocínio do seu próprio self. são muitos os que não conseguem se encaixar numa sociedade voraz.
eu também passo a gostar mais dos meus vestidos quando eles perdem aquela impecabilidade que tem na loja, quando adquirem a minha energia e a energia dos lugares e encontros que eu os levo a viver. aí sim começa uma rica relação com o meu guarda-roupa. outro dia achei um livro que li no final da década de 80, começo dos anos 90, quando estudava cabala e os arcanos do tarô como caminhos de individuação. que delícia rever todas marcações que fiz, comentários, perceber o que absorvi daquilo tudo, o que veio depois sob outra forma. as páginas rabiscadas a lápis, caneta colorida, marcador de texto que, com o tempo, vira aquarela. tem um livro aqui comigo, que eu li primeiro, depois a minha filha leu, nós duas marcamos, comentamos, e quando volto nele, revejo a mim mesma e a ela, nosso crescimento, memórias de experiências reais. é como se houvesse ali uma pequena e escondida biografia registrada. adoro!
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