segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

sem nomes



a garota ficou com aquele garoto e gostou, gostaram. aquele garoto fica sempre com
aquela garota que mora com o outro. o outro descobriu. pediu à garota com quem divide a casa e a cama para conseguir uma arma. ela conseguiu. o outro foi preso, a arma apreendida, ele já está solto. ía atirar contra aquele garoto e aquela garota que conseguiu a arma, essa com quem ele vive. aquele garoto  voltou a ficar com aquela garota, que armou o maior barraco quando o viu com a garota. aquele garoto disse para a garota que voltou a ficar com aquela garota para protegê-la, pois a ama. o padrasto daquele garoto disse que se o outro o matasse, ele mataria todos os membros da família do outro, um por um.
a garota tem 12 anos. aquela tem 16. os dois garotos tem 17.
depois eles crescem, garotas e garotos, alguns ficam no interior, outros vão para as cidades grandes, alguns se formam e continuam assim aos 30, 35 e mais...usando suas próprias palavras e seus próprios sexos  como armas, e botando mais gente no mundo.
outro dia,mme m., que cuida do seu filho e dos filhos de seu atual marido, botou no face um artigo da marta medeiros,  “filho é pra quem pode”,  falando, em resumo, que quem não dá conta de si mesmo, jamais deveria botar filhos no mundo para encobrir sua própria monotonia, carência, trazer o homem que se foi (ou nunca esteve junto) de volta, e vários etcéteras  que, quem se cuida e ama, percebe.
ah,  se as pessoas percebessem que não estão dando conta de si, digo eu... seria um grande avanço. são muitos e muitos os que ainda preferem a fuga.
lembrei da personagem do livro “a elegância do ouriço”, a concierge,  que diz que embora muitas vezes ficasse tentada, jamais escolheu a via da facilidade, como faz a maioria, escolhendo, como ponto de fuga,  estes 3 itens: ter filhos - para adiar a dolorosa tarefa de enfrentar a si mesmo, a televisão -  que distrai da extenuante necessidade de construir projetos com base no nada de nossas existências frívolas...os pixels que embrutecem a cósmica consciência do absurdo e deus que acalma os temores dos mamíferos e a insuportável perspectiva de que um dia os prazeres chegam ao fim. oui, a autora muriel barbery, professora de filosofia em seu segundo romance de sucesso, dá uma chamada très chic na imbecilização da sociedade, naqueles seres que gozam com frivolidades e dão à luz a diversos graus de violência.


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