terça-feira, 10 de setembro de 2013

divagações: pequeno roteiro sobre algumas coisas ou minha relação com elas

estava ainda sonolenta no café da manhã,sim, sou lenta assim que acordo, e sentei-me à mesa para tomar o café da manhã  quando este açucareiro, que existe desde a minha infância, chamou a atenção do meu olhar. ele esta aqui sobre a mesa todos os dias. ah, sim, ele veio parar aqui no nosso campo porque a tampa não tem aquele buraquinho pra colher  então veda o açúcar e o protege do eventual ataque de formigas. tem o bule que o acompanha mas o bule foi substituído pela cafeteira, dessas de loja de departamento que, apesar de ter vencido um prêmio de design, não segura direito o calor não e o café pinga sim pra fora  do bico...as coisas que acompanham nossa jornada...

as taças de chá estavam assim mesmo sobre a mesa. a de flores é mais nova mas já tem boas histórias e a menor, ah...eram seis ou oito mas foram quebrando e ficaram duas. sempre aprecio esse desenho digno de picasso que foi feito por crianças de uma colônia japonesa de são paulo. 

pra mim esse desenho é uma obra de arte anônima,
apesar de não estar assinada, essa vida pra mim tem muita arte e força

passei pela porta de entrada e o sol batia sobre esses dois vidrinhos coloridos que ganhei de presente
de uma pessoa que não faz mais parte da minha vida. pensei: que engraçado... tem coisas que ganham mais vida na nossa vida do que a pessoa que nos deu o presente.aliás ganham vida própria sem link algum com quem as deu.

ah, esse cesto que guarda galhos e folhas secas de araucária para a lareira, bom dia,
há quanto tempo está aqui e resiste  ;)

já este não sei quanto tempo ainda irá aguentar guardar os galhos mais grossos
mas enquanto aguentar eu agradecerei e não substituirei por outro...rs

aí fui pro jardim e dei de cara com a comum vassoura de piaçaba, que estava assim mesmo, descansando deitada no caminho de  pedras,
que amanhece todos os dias com essas folhas lindas alaranjadas. lembrei da voz linda e possante do vendedor de vassouras lá no rio que toda vez que eu ouço me emociona e sinto que estou nos tempos de debret e que esse homem deveria é estar cantando ópera no teatro municipal.

adoro subir a mureta e cortar caminho em direção à horta, o som das folhas sob as botas é muito bom.
li um ensaio muito doido, sobre como as coisas nos procuram, num livro que achei aqui.
foi o caso dessas botas. eu me apaixonei,há uns anos, pelo couro macio e pela cor delas  na alta estação. mas elas custavam um preço que eu não pagaria. então um dia passando à pé pelo leblon, à noite, as lojas já fechando, eu pensei, ah, se aquelas botas estivessem em liquidação por tal preço, compraria agora. e elas estavam na vitrine, estavam com o preço que eu estava disposta a pagar e só tinha um par, o do meu número. rs

é, eu tenho e mantenho uma relação viva com as coisas. quando percebo que essa relação não acontece, passo adiante. li um artigo que amei, de uma portuguesa, falando sobre comércio da nova era, que ela chamou de comércio delicado. ela contou que em lisboa ainda sobrevivem algumas lojinhas específicas, uma, por exemplo, que só vende luvas,elogiou. criticou essa onda globalizada em que lojas de todas partes do mundo mantem franquias em todas cidades do mundo, com a mesma cara, despejando lojas tradicionais. disse que existe uma pesquisa que revela que existem muitos consumidores para, por exemplo, camisolas de algodão cor de rosa ou azul e que se uma pessoa com visão de comércio delicado abrisse uma loja virtual com uma coisa feita com esse cuidado iria atrair sim muitos consumidores que buscam algo mais pessoal. o artigo era enorme, não lembro o nome da autora, mas amei o termo "comércio delicado". 


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