sábado, 21 de abril de 2012

a vida sempre supera a ficção


mme b. (ah, eu adorei o mlle ter sido abolido da língua francesa, coerente com o lema liberté, fraternité, egalité) publica dia desses no mural de seu face: socorro, me tirem daqui, estou na livraria da vinci, vou falir. hahaha, adoro o humor de mme b. um dos meus sonhos, comento com ela, é entrar na livraria que eu amo, só no rio tenho 4 paixões, escolher todos os livros que desejo , chegar no caixa, ouvir a voz perguntar: cartão de crédito? e eu dizer: não, pagamento à vista. mas por favor vocês podem entregar os livros em casa?  (ai, ai, e sempre haverá alguém que lerá o que acabo de escrever e perguntará: ué, porque você não entra direto na internet e encomenda? e eu direi, controlando para que a paciência se faça presente, porque eu amo ir a livrarias,adoro o cheiro, adoro ver muitos livros, manusear os livros, falar com aos vendedores ao vivo, etc,etc,etc.) e revendo esse meu sonho lembrei que vivi uma cena muito melhor. acho que foi no natal do ano retrasado: estava andando por ipanema e leblon e, aproveitei para pesquisar o preço de um livro grosso, sobre história da arte, que minha filha desejava ganhar. no caminho, pisando naqueles carpetes vermelhos que colocam sobre as calçadas no final do ano, ao som de jazz de um grupo  de jovens músicos numa esquina, encontrei com uma pessoa que me deixou muito triste, triste com a agressividade toda cuspida ali em palavras sem sentido,uma cascata poluída e histérica que brotou assim de repente, do nada. e por mais que eu saiba que só quem está sofrendo muito pode ser assim, continuei andando com o coração apertado e me acalmando,concentrada nos meus velozes passos sobre aquele macio tapete vermelho, sim,consciente de que o problema não era comigo mas andava comigo a sensação física de que acabara de sobreviver a um bombardeio no iraque ou afeganistão em plena ipanema. ah, já dobrando a esquina a caminho de casa,lembrei daquela pequena livraria em frente ao teatro e entrei. sim, eles tinham o tal livro maravilhoso de arte e estava num preço inferior ao da minha pesquisa. ah, e como o preço ultrapassava x valor, ainda poderia escolher um romance no valor tal , de brinde. fiquei de repente feliz com aquela cena e a gentileza do vendedor que conseguia ao mesmo tempo dar atenção a mim e a vários outros clientes.e fiquei perambulando pelas estantes para escolher o tal livro brinde. perguntei sobre alguns títulos que eu desejava ler,não tinha, o primeiro vendedor me passou para outro , o meu celular tocou duas vezes, ah, vocês estão aqui do lado? sim,estou indo, vou ao encontro de vocês, o choro pressionava o meu peito, a minha garganta, os olhos, ele queria sair depois daquela cena estúpida., ao mesmo tempo em que estava encantada com tudo o que estava acontecendo naquele momento. demorei a escolher o título do romance brinde, pedi desculpas ao vendedor, disse que estava mexida com todo esse clima de final de ano e a estupidez que algumas pessoas amavam perpetuar e,quando ía pagar a minha conta, para minha surpresa, os dois vendedores colocaram-se à minha frente e disseram: olha, nós gostamos muito de você, e você não deve perder a sua linda energia, porque dá para ver que você tem uma energia linda , uma energia rara no mundo de hoje, e nós dois gostaríamos de te dar um presente: escolhemos este livro aqui para te dar de presente,por favor aceite, já lemos e gostamos muito, é a solidão dos números primos, de autor italiano.eu não acreditei que estava de fato vivendo essa cena tão especial e esta sim rara. aceitei com muita emoção, nos abraçamos, contei que tinha nascido em milão e que era fascinada com o mistério dos números primos, os que são divisíveis apenas pelo número 1 ou por si mesmo. eu mesma nasci num dia e num mês números primos.ali comemorei o meu natal.

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