terça-feira, 28 de abril de 2009
ter tempo finalmente está na moda
passei dias em sintonia com o ritmo puro da natureza em harmonia. em sintonia com a mente pura das pessoas que me cercam lá. e aqui. reencontrei pessoas que não via há tempo e foi um prazer daqueles de fazer o coração acelerar e agradecer.plantando e colhendo presentes, sabe como é? na volta, a revista do jornal de domingo traz na capa uma matéria sobre o tempo.anuncia que pensadores do mundo todo começam a discutir a importância de parar e pensar na vida. ter tempo finalmente está na moda. o que fazemos com o tempo que temos? fiquei longe da internet, de jornais,tv,dvd,telefones e celulares e até a minha camera resolveu parar de fotografar. mesmo assim mantive a comunicação com o que interessa para as verdadeiras relações humanas.mesmo com quem estava longe.na volta a cidade vejo um monte de emails, recebo telefonemas de amigos verdadeiramente despertos. são tão raras essas pessoas mas eu as conheço e convivo com elas. elas existem sim. enquanto outras transitam numa superficialidade que já nem sei dizer o que são esses seres. robocops que colocam seu tempo a serviço de que exatamente?!leio o artigo da fernanda young. num dado momento ela diz:” haveria menos felicidade em mim se eu não percebesse as injúrias cometidas ou as traições dos interesseiros e tudo o que o tempo traz de doloroso? será que, para escapar da dor, devo logo abraçar a euforia da simples alegria de viver, e sair cantando refrões tolos pela própria felicidade da tolice? não, obrigada. prefiro o tédio total ao conformismo preguiçoso da solução pelo coletivo. prefiro nunca mais ir a festas do que me embriagar da burrice que alivia. mil vezes carregar na alma esse vazio, do que tentar moldar situações, e pessoas, idiotas, que caibam por tempo limitado, nesse espaço vago.”e termina dizendo: “é preciso dor para ser feliz sem ser idiota.”"burrice que alivia", "felicidade da tolice"... tem definição melhor para esta civilização nossa? é, fernanda young, ninguém quer fazer contato com nenhum tipo de dor, com nenhum tipo de vazio. eu , assim como você, fernanda young, também "não sou inspirada pelo mal-estar" e também "jamais me permitiria ao vão masoquismo de cultivar dores para ser criativa". percebi sim que quando a dor aparece - física, emocional ou espiritual - é um alarme que a vida põe pra tocar pra chamar a atenção de que algo está fora do ritmo, de que a integridade está sendo ameaçada. como diz a dra nazareth solino em seu livro “o rabo da lagartixa”: “na dor está, de certa forma, a memória da nossa integridade e a nossa capacidade de indignação.” a nossa civilização, como ela afirma, é a civilização da anestesia,hipnóticos,ansiolíticos,antidepressivos, existe todo um arsenal alienante a disposição. eu completaria esse quadro dizendo que a “burrice que alivia” ou a “felicidade da tolice” se serve também de discursos vazios só para alienar, justificar o injustificável e fazer os tolos gastarem o seu tempo numa insana e esfomeada barganha com a vida, o mundo, as pessoas, gerando um universo de mentiras e, deste modo, uma euforia fanática que só ajuda a fugir mais e mais e mais do rico potencial verdadeiramente humano.isso me provoca dor. dor espiritual. não consigo fingir que não estou vendo...estou vendo sim. mas mantenho acesa a convicção de que os humanos serão sim em maior número do que os (que nome dar?) os não humanos.
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