quarta-feira, 6 de outubro de 2010

fantasias,realidades,fantasmas

john galliano - dior - coleção outono de 2000


outro dia pensei e fiz uma lista das minhas fantasias que se tornaram realidade. fantasias porque para minha realidade algumas pareciam impossíveis ou fora do meu alcance. fantasias porque eram sonhos enfeitados de detalhes e muita imaginação.algumas delas: uma casa no campo, como a letra da música,uma relação afetiva que dure com frisson e movimento,ter numa filha (nunca me vi mãe de homem) uma grande amiga e com ela crescer junto, conhecer alguém que me mostrasse o sentido por trás de tudo, caminhando à frente dos avanços da ciência e da psicanálise, além do inconsciente pessoal e do coletivo,ver o mar todos os dias,viver numa cidade cuja beleza é admirada pelo mundo todo,plantar e ver crescer muitas árvores,contribuir para a despoluição de lugares e mentes... e vi que a lista era bem grandinha, nem para aí. então me lembrei de outras fantasias, algumas sempre presentes , outras que nem ligo, como ir  a um baile de máscaras em veneza e viver apenas uma noite de amor tórrido com um desconhecido em que eu reconhecesse, somente através da energia, sem olhar para ele,todos os homens que amei e por quem fui amada. as sempre presentes: ver a fome acabar no mundo, fome por comida e fome por educação e arte; ver inserido no curriculo de todas as escolas o estudo de todas as correntes filosóficas e religiosas para que cada um tivesse o direito de pensar e escolher como manifestar suas atitudes humanas na prática; que aprender a ler fosse de fato aprender a refletir e absorver e trazer o resultado disso para o mundo real depurando as escolhas (ah, nas livrarias não haveria mais seções de auto-ajuda e todos saberiam discernir e nunca mais enviarem por email, textos assinados por shakespeare ou jabor  ou...textos que os  próprios autores jamais escreveriam ou escreveram); que encontrassemos uma outra forma de gerir todos os recursos do país, que não fosse através da política como funciona hoje, que vislumbrassemos a criação de um outro sistema de organizar representatividades, começassemos logo esse exercício abolindo a obrigatoriedade do voto, instituindo o  voto distrital até chegar num modelo em que conseguissemos criar núcleos de administração como  as associações de bairro que protegem o que amam e conhecem bem, num diálogo contínuo com seus moradores (esta última é uma fantasia que emperra até na minha imaginação).as listas seguem compridas, enfrentam e procuram vencer os fantasmas que assustam porque não querem nada.tirando o baile de máscaras em veneza, acho que ver todas as outras fantasias se realizarem não cabe numa só vida, que por mais longa que seja ainda é curta para ver acontecer.nem por isso deixo de crer e fazer a minha parte.mas confesso que tenho tido vontade de ser árvore num campo bonito,florir, abrigar pássaros e ninhos, dar sombra para as vacas e, claro, nunca ser nem podada nem arrancada por um homem ou mulher ignorante, porque mulher, quando dá para ser ignorante, supera o homem ignorante.

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