domingo, 31 de maio de 2009

confidências a molière

minha mãe comprava flores na feira de rua toda sexta-feira. fazia arranjos para a entrada da casa e a sala. as vezes certas flores não chegavam a abrir mesmo ao lado de todas as outras exuberantes e coloridas. ficava aquela cabecinha de flor murcha e tombada do alto do caule, dentro do vaso. a empregada costumava dizer que era olho grande. o que é isso? perguntava eu pequenininha. ela dizia: é inveja. o que é inveja? ela explicava. cresci cresci e só agora estou começando a compreender profundamente o que é inveja. até hoje, com muitas coisas eu sonhei e quando algo ou alguém me inspirou a sonhar mais e mais , fui e conquistei. hoje percebo porque tem gente que não consegue ser nada além de invejoso e tomba, não floresce, passa a vida copiando e enganando os outros.ninguém se transforma em algo que já não é. estes lírios vão abrir, vão ser lírios perfumados. jamais poderiam se tornar outra coisa. gente é diferente. às vezes só tem forma exterior de gente. ou não abre ou quando abre só serve de modelo do que é não ser.estou achando tão ingênuo o que escrevo diante do olhar profundo que desde pequena ouço ter. bem, meu olhar sobrevive a coisas que eu preferia nem estar vendo a esta altura do século 21.ai, molière,eu sei,eu sei que "a hipocrisia é um vício. mas está na moda.e todos os vícios na moda são virtudes.o personagem do homem de bem é o mais fácil de interpretar em nossos dias.qualquer hipócrita o representa com razoável perícia.e fica quase impossível saber se estamos diante de um hipócrita no papel de um homem de bem ou se conversamos com um homem de bem que banca o hipócrita para não ser humilhado como homem de bem".é, você já mostrou com toda a clareza que"mesmo quando a impostura é transparente, ninguém ousa condená-la, com medo de que isso abra caminho para imposturas mais habilidosas.” isso então acho demais... como as pessoas são fracas e covardes na presença do que acham que é autoridade.que planeta é esse, hein? já se passou tanto tempo desde que você se foi, enterrado junto com bebês natimortos e não batizados porque o clero considerava no século xvii a profissão de ator “uma representação do falso”. estamos no final da primeira década do tal do 3°milênio e está cheio de leigos travestidos também de clero dominante e ignorante como em todos os séculos. ai, te escrevo mais uma vez como forma de exorcizar a presença nociva dessa gente que mais se parece com aqueles galões de plástico (é inventamos o plástico, um material que não acaba) que por fora anunciam ser água mineral,depois descobre-se que era água podre (isso depois de intoxicar muitos). dessa água eu não tomei mas vou continuar falando, assim como não param de nos lembrar que um dia não tão distante houve gente capaz de queimar, em fornos de gás, pessoas, gente.nem vou te chatear com esse assunto. você conseguiu sair do palco e morrer em casa, falando até o último instante tudo o que tinha que ser dito. vou continuar repetindo: pior do que os que enganam são os que se deixam enganar. com sua inocência, total ignorância ou pura covardia só engrossam as fileiras dos enganadores.espero sinceramente que esses lírios se abram como símbolos da vitória da vida que rompe com tudo o que não presta.

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