domingo, 31 de maio de 2009

confidências a molière

minha mãe comprava flores na feira de rua toda sexta-feira. fazia arranjos para a entrada da casa e a sala. as vezes certas flores não chegavam a abrir mesmo ao lado de todas as outras exuberantes e coloridas. ficava aquela cabecinha de flor murcha e tombada do alto do caule, dentro do vaso. a empregada costumava dizer que era olho grande. o que é isso? perguntava eu pequenininha. ela dizia: é inveja. o que é inveja? ela explicava. cresci cresci e só agora estou começando a compreender profundamente o que é inveja. até hoje, com muitas coisas eu sonhei e quando algo ou alguém me inspirou a sonhar mais e mais , fui e conquistei. hoje percebo porque tem gente que não consegue ser nada além de invejoso e tomba, não floresce, passa a vida copiando e enganando os outros.ninguém se transforma em algo que já não é. estes lírios vão abrir, vão ser lírios perfumados. jamais poderiam se tornar outra coisa. gente é diferente. às vezes só tem forma exterior de gente. ou não abre ou quando abre só serve de modelo do que é não ser.estou achando tão ingênuo o que escrevo diante do olhar profundo que desde pequena ouço ter. bem, meu olhar sobrevive a coisas que eu preferia nem estar vendo a esta altura do século 21.ai, molière,eu sei,eu sei que "a hipocrisia é um vício. mas está na moda.e todos os vícios na moda são virtudes.o personagem do homem de bem é o mais fácil de interpretar em nossos dias.qualquer hipócrita o representa com razoável perícia.e fica quase impossível saber se estamos diante de um hipócrita no papel de um homem de bem ou se conversamos com um homem de bem que banca o hipócrita para não ser humilhado como homem de bem".é, você já mostrou com toda a clareza que"mesmo quando a impostura é transparente, ninguém ousa condená-la, com medo de que isso abra caminho para imposturas mais habilidosas.” isso então acho demais... como as pessoas são fracas e covardes na presença do que acham que é autoridade.que planeta é esse, hein? já se passou tanto tempo desde que você se foi, enterrado junto com bebês natimortos e não batizados porque o clero considerava no século xvii a profissão de ator “uma representação do falso”. estamos no final da primeira década do tal do 3°milênio e está cheio de leigos travestidos também de clero dominante e ignorante como em todos os séculos. ai, te escrevo mais uma vez como forma de exorcizar a presença nociva dessa gente que mais se parece com aqueles galões de plástico (é inventamos o plástico, um material que não acaba) que por fora anunciam ser água mineral,depois descobre-se que era água podre (isso depois de intoxicar muitos). dessa água eu não tomei mas vou continuar falando, assim como não param de nos lembrar que um dia não tão distante houve gente capaz de queimar, em fornos de gás, pessoas, gente.nem vou te chatear com esse assunto. você conseguiu sair do palco e morrer em casa, falando até o último instante tudo o que tinha que ser dito. vou continuar repetindo: pior do que os que enganam são os que se deixam enganar. com sua inocência, total ignorância ou pura covardia só engrossam as fileiras dos enganadores.espero sinceramente que esses lírios se abram como símbolos da vitória da vida que rompe com tudo o que não presta.

colagem de verdades objetivas











sábado, 30 de maio de 2009

minha nudez é atemporal

foto de chema madoz

ontem uma amiga muito especial e rara encontrou, entre pastas esquecidas, um livro que ela escreveu a mão há 17 anos, que tem tudo a ver com a sua atual visão de vida.celebramos o passado, presente e futuro contido num instante de vida! mais tarde, sem buscar,encontrei um poema que escrevi aos 20 e poucos anos que, ao reler, vi que é atemporal.divido com vocês aqui:

hoje te apresento
a minha nudez
total
sem segredos
sem artimanhas.
deixo você caminhar
nesta extensão
propriedade exclusivamente minha.
é o único domínio real
em que sou rainha
e criada fiel.
é dentro destes limites
que avisto os horizontes
que me rodeiam
pressinto fronteiras
vistos de saída e entrada.
escondo-me, logo apareço
destes montes e curvas
não fujo.
se você quiser
pode ver
a minha pele
está toda tatuada
de caminhos que tracei,
de territórios que explorei,
de tombos que levei
de gente que amei.
hoje te apresento
a minha nudez
como concha que se abre no mar,
olhe meu umbigo meu ventre
minha infância minha juventude,
a maturidade que construo,
é dentro dela
que te faço conhecer
onde crio e vivo
minha força e fraqueza
meus desejos e sonhos
dormem e despertam.
é aqui onde morro aos pouquinhos
nestas ondulações
que são tão minhas,
nesta textura sensível
decolo e aterrisso
não posso prever
o cheiro que provoco
o olhar que entrego
músculos sangue
tantas vezes em carne viva
contrações movimentos direções.
estou inteira
apesar
por causa
de minha nudez.


beija-flor

pensadora - graffiti da minha amiga marcella frança no jardim botânico
ah, esqueci de contar. anteontem estava trabalhando no computador, era fim de tarde, a luiza estava acabando de deixar a casa perfumada...quando um beija-flor entrou na sala, batendo as asas a mil no meu ouvido... levei um susto com aquele trrrrrrrrr todo e saí correndo gritando 'luiiiza acho que virei uma flor.... ' agora me lembrei disso, me deu uma saudade de você, marcella. entrei no seu flickr, vi a linda expo em brasília, que lindos vocês dois! carol chegou da nigth no cinematèque e comentamos um monte de coisas boas sobre todos nós. até amanhã.

meu ambiente é...



meu ambiente é boêmio como propõe mme sera of london aqui. quem me conhece sabe disso. sempre foi.minha mãe sempre dizia que o meu quarto era um boudoir.minha casa continua um grande boudoir.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

sigo a trilha do coração com...

estes sapatos feitos a mão pela inglesa hetty rose shoes... kimono collection
ou com estas botas com rendas antigas...criação da artista alemã maide, de munique





seguindo a trilha









estou atrás do que está atrás do pensamento.



o mais profundo pensamento é o coração batendo.



clarice lispector



confissão


confissão: adoro ser mulher.
sempre gostei.
adoro mil colares
como esses da marie claire us,
sempre abusei.
amo ganhar buques de lírios
e sentir à noite ou de manhã
o perfume suave que fica na sala.
esses in natura
foi carol que tirou a foto
aqui perto de casa.
ok, às vezes eu reclamo porque até a cachorrinha fica triste
se eu estou esvaziada.
porque ser mulher
é assim mesmo.
eu gosto assim mesmo.
ser autora de atmosferas.


mulheres intensas

chove. é madrugada. estou como sempe acesa.tive um dia lindo, encontros com gente vibrante.e agora intimista, como toda filha única que se preza(com"a"mesmo).ontem procurando uma imagem pra terminar uma colagem encontrei um kit frida kahlo que ganhei há anos de aniversário, lindo, uma caixinha cheia de surpresas.abri o livrinho e me deliciei de novo com poemas que ela fez pro diego.relação tumultuada que deixou positivos resultados e eternos.copio os trechos que gostei: diego...i diego...universe diego...diversity in unity.achei graça deste pedaço:in the lines of the sun (the sun has no lines) in everything. to say enverything is stupid and magnificent. ai, muito bom.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

minhas colagens


dentro tem um caderno de anotações...pra registrar,percorrer e apreciar o seu roteiro de vida.
este foi feito para uma mulher que compreende e já pratica bem a arte da felicidade.
quase nunca consigo postá-los aqui...este e outros trabalhos batem asas rapidinho e alguns já chegaram até nova york, londres,milano, paris, provence e até no oriente.fico feliz!

corações expostos

nando reis não acredita que sua vida seja, objetivamente , mais interessante que a de qualquer outra pessoa. mas, ao mesmo tempo, para mim ela é. a mais interessante - diz em reportagem publicada esta semana sobre o lançamento de seu novo cd.
eu também penso como ele. infelizmente os que não conseguem viver uma vida interessante sentem prazer em julgar o grau de felicidade dos outros e se tornam especialistas em criar confusão.nem queria sujar o meu blog com este comentário. é só um alerta máximo: protejam os seus corações de toda imundície que anda por aí. recado dado.seja uma pessoa confiável. não somente para os outros. mas principalmente para você mesmo.isso é o que se chama saúde.saúde! traduzo livremente o walt whitman que ontem acrescentei aqui: olha só, não dou palestras nem faço caridade,quando eu dôo,eu dôo a mim mesmo.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

d'accordaccordaccorda

pior que o vazio do vento
é a alma incapaz de dar alento.
carlos luppi,mon marido,inspirado
por uma cena...digamos...vazia de humanidade.
achei bonito e divido por aqui.

obrigada




obrigada pelo mestrado

foto Debi Treloar

nos últimos anos vivi um mestrado intenso e acelerado. conheci gente de verdade e gente que não quer ser gente. entre esses dois extremos todas formas de diversidade e suas sutis nuances.o belo e o feio entrelaçados, conflitos entre o que descobre e brilha com luz própria e o que copia, escurece o ambiente e nada irradia.apurei meu olhar para enxergar por trás das formas, aprendi o real significado de liberdade,amizade,benevolência,coragem, compromisso e arte.houve sim momentos em que meu coração achava que não ia aguentar tanta vivência,acendiam vários alarmes e eu prestava atenção, parecia que estava numa cápsula da nasa, acelerando a percepção,vendo tudo lá do alto e voltando em pára-quedas pro chão..mas meu coração abriu mil janelas e diante de mim se descortina um novo horizonte, um mar azul cheio de vida que cria ondas e rejeita qualquer tipo de poluição. seguem as pessoas de verdade que sabem para que e para onde vão.agradeço a todos esse mestrado vivido no dia a dia. essa riqueza conquistada ninguém tira.consegui reconhecer e dizer adeus a toda forma de ilusão e enganação que usa o medo, a mentira, a bajulação, a dissimulação como forma de opressão, que rouba do outro a energia que não possui e alimenta o sofrimento alheio apenas pra fingir compaixão.estou leve como nunca, ninguém mais joga lixo onde estou, o meu já reciclei e transformei num ser e estar sempre em progresso de confiança, esperança madura e convicção.abraçada à sabedoria atemporal: permitam somente às pessoas verdadeiramente livres unirem-se em construção.


terça-feira, 26 de maio de 2009

nosso campo, nossa cidade

aqui não é purpurina, como diz a mulher e menina sem século.

ditado persa

este final de semana conheci um antigo ditado persa que diz: um cachorro grato é melhor que um homem ingrato. o assunto era gratidão. emendou com o filósofo alemão kant: os vícios malignos possuem um grau de perversidade que vai além do humano e incluímos entre eles estes três: a inveja, a ingratidão e a maldade.poderia ir fundo nesse assunto mas agora quero falar o seguinte: toda vez que olho os olhos humanos e o comportamento de alto nível cultural da nossa jeanny, essa scotish terrier aí da foto,penso ... ai, quem dera que todos os seres dito humanos tivessem o comportamento que ela tem.ninguém aqui em casa é treinador de cachorro, a gente oferece saúde, alimento e amor e ela responde com uma maturidade e sensibilidade que chegam a comover. nunca ficou pulando, exigindo atenção, que isso todo mundo sabe é o dono quem busca domínio e bajulação.converse com um veterinário e tire a sua conclusão. uma coisa é fato: um cachorro grato é melhor que um homem ingrato.tinha acabado de escrever quando vi esta notícia: uma cachorra da raça bulldog salvou o dono de um incêndio dentro de casa, em michigan, nos estados unidos. scott seymour, de 39 anos, disse que sua cadela, brittney, de 9 anos, o acordou na madrugada do último sábado, por volta das 5h45, após a casa começar a pegar fogo. o caso aconteceu justamente duas semanas depois de seymour se recusar a ver o seu animal sacrificado por causa de um câncer.um cachorro grato é melhor que um homem ingrato. alguém duvida? inveja, ingratidão e maldade andam em trio de mãos dadas.

livre para aterrissar

quando vi a expressão desta bonequinha russa me lembrei da cara da Paula chocada com tanta mentira e alienação.como diz o sábio oriental tem gente que vive tanto tempo dentro de uma latrina que nem sente mais o mau cheiro. tudo é opção.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

para onde vocês estão indo?

para onde vocês estão indo é o nome desta instalação de wolfang lab

na estrada. história 1: destination



mulher. idade indefinida (46 ou 7?). alta, magra,insípida e incolor. a voz sempre macia e no mesmo volume. só se alterava quando alguém dela discordava (dificilmente isso acontecia pois ela não dava espaço).quando isso acontecia (alguns poucos viram) seus olhos cuspiam rajadas de metralhadora,todos os músculos de sua seca face se contraiam.não tinha filhos. casada. não tinha a liberdade nem de escolher em sua própria casa o lugar em que algo (que ela não apreciava) iria ficar.ela já sabia que somos o que escolhemos. mas ela não fazia escolhas.durante o dia trabalhava numa repartição pública..não era o que ela gostava mas tinha medo. tinha medo de tudo: de perder o emprego, do marido ser transferido para outro estado e ela ter que ir junto por falta de opção. então estudava para prestar um novo concurso, pensava no salário, para que um dia, quem sabe, se o medo se apresentasse, ela estaria protegida por algo que ela também não queria.ela acreditava que acreditava na paz.e acreditava que era uma mulher engajada e emancipada.mas tinha medo, muito medo.criava regras e ditados e frases inteiras que só ela escutava e mais algumas que, como ela, devotavam a vida à submissão.todas movidas a medo. entrelaçadas com a repressão como forma de conter. conter a mente nublada, o coração esvaziado,a humanidade abandonada e controlar suas longas pernas que um dia até chegaram a dançar. parou. parou com tudo o que ela um dia gostou. corria noite e dia levando e trazendo papéis.e a voz quase sempre macia.os olhos vazados.as palavras que saiam de sua boca nunca lhe pertenciam.havia sempre um descompasso entre o que falava e o que sentia.ela já tivera a chance de vislumbrar o que é a vida de fato vivida, mas não... para ela cada dia era mais um papel a ser carimbado, um formulário a ser preenchido, uma firma a ser reconhecida.só olhava para fora e corria esbaforida. achava que qualquer pensamento que não fosse o dela era uma grave ameaça, ser justo era ser imparcial, não se comprometer, calar, deixar passar.por isso a voz dela insistia em sair macia.muitos que percebiam o que por trás dessa voz estranhamente macia se escondia estavam cansados de tanta falação vazia, tanta omissão, tanta mentira, tanta distorção que a sua postura engrossava.a voz macia já não camuflava mais o que ela escondia.a mãe dela passou mal. ela pegou um ônibus numa noite fria e voltou para sua terra natal.ficou só no seu apartamento o cachorrinho doente latindo tanto e tão alto e tão agudo que ninguém mais naquele prédio dormia.pegou na mão da mãe já inconsciente e chorou, gritou.primeiro baixinho, depois alto e muito alto enfim.todos correram para acudi-la.quem estava naquele bairro dormindo acordou.ela já não sabia mais o que estava fazendo ali.o celular tocou. era o marido avisando que havia sido transferido para um lugar que ninguém conhecia. ela desligou.


na estrada. história 2: árvore seca

mulher. chegando nos 40. bem pequena.nervosa.expressão facial e corporal em desalinho com as palavras que saem da sua boca com estranha veemência,em pausas ensaiadas.longos e armados cabelos pintados até a cintura.sobre ela,diria yves saint laurent ,o mestre da proporção: esta mulher perdeu a noção. casada. uma filha que antecipa a puberdade e faz os pais expandirem suas próprias teorias.tomara que ela escreva uma nova história, pensa a tia postiça num canto do espaço,controlando a indigestão.a hipocrisia ali é uma filosofia que criou raízes tão profundas que fica difícil definir o que é real e o que é efeito especial. com tudo são complacentes e assim enganam muita gente. tudo tem explanação, até a maior aberração.justificam o injustificável numa maligna cumplicidade.ávidos por conquistar tudo o que a publicidade oferece para se exibirem como cidadãos concientes,contemporâneos,sorridentes,energéticos,atarefados,
produtivos e contribuintes.como tantas outras e diversas famílias, eles habitam esses condomínios de paredes finas e teto de gesso com sauna, churrasqueira e várias piscinas.amizade, para eles,significa agenciar interesses.ele busca sexo profissional e barato.ela vive para badulaques e artesanatos que driblam o seu bem e mal querer.um dia, depois do seu time perder, ele joga contra as paredes todos os móveis da varanda que, mesmo de plástico duro, caem cheios de rachaduras no piso que um dia ela vai trocar.assim ela consegue ganhar do marido um novo conjunto de cadeiras e mesa que agora se impõe majestosos no espaço, como um elefante num pires ( essa expressão é do edgar – de novo a proporção).num fim de tarde,os convidados se encaixam em seus lugares e um deles elogia algo fake made in china ou nesse lugar.ela,toda satisfeita e sorridente, chama a tudo isso de vitória nossa de cada dia (viu só,clarice?).um homem de aparência repugnante exalta suas últimas conquistas e emenda elogios a violência de um filme trash e não aceita opinião contrária. o marido se levanta,abre o laptop e lê, com pompa calculada para impressionar os presentes, uma dessas mensagens que chegam pela internet e que fazem fernando pessoa ou shakespeare tremerem onde estão, por seus nomes estarem sendo clonados acompanhando textos de quem sabe quem? quando criticamos os outros é porque não estamos conseguindo enxergar a nós mesmos, lê o homem em pé na tela estirada sua frase preferida, entre copos e queijinhos, esticando um pouco o lábio esquerdo numa ameaça de sorriso que ninguém vê.a mulher levanta as sobrancelhas e concorda com estrondosa gargalhada.e com essa frase como porta-estandarte seguem os dois na jornada da total abstração e vão compondo deste modo o próprio enredo e blindando qualquer possibilidade de sensibilização.juntando no cotidiano retalhos, em forma de frases ou qualquer outro material que alguém já antes criou.ele sempre com o mesmo sorriso, ela somente com ácidas gargalhadas.entra pela janela uma voz, em audível freqüência de revolta e indignação, gritando safaaaaaada, enquanto em outro andar crianças cantam em coro um heavy funk na maior altura.alguém aceita um capuccino instantâneo? feito em casa com uma mistura de leite e achocolatado em pó e sei lá mais o que? não, muito obrigada, preciso ir.chega o elevador.boa noite.acaba a luz.o elevador pára quase chegando ao solo. não, eu não moro aqui. deram o endereço errado.onde fica o alarme? a senhora leu sobre o padre pedófilo e o aborto da menina que por isso ela e mãe foram excomungadas? desculpe, moço,agora eu só quero achar o alarme.

domingo, 24 de maio de 2009

sexta-feira, 22 de maio de 2009

noel eterno noel




quanto a você

há de viver eternamente

sendo escravo dessa gente que cultiva hipocrisia


noel rosa no samba "filosofia"

(a platéia aplaudiu em cena aberta quando a atriz carol bezerra cantou esse samba no centro cultural carioca. toda quarta-feira tem. é lindo!)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

shhh... la belleza es tu cabeza


fotos shhh e la belleza es tu cabeza de aurora tagliaecuce em granada
ela sentou decidida a encarar sua falta de vontade de escrever.estava plena e esvaziada ao mesmo tempo.um intervalo entre uma onda que se esparramou e outra que está começando a se formar.então pra que falar? não...não queria contar nada nem sobre si mesma nem sobre os outros,nem sobre o encontro entre tudo, nem sobre os que alimentam e muito menos sobre os que só sabem devorar. mas nesse instante quis entrar nesse vácuo, nessa súbita indolência de sentimento e pensamento. buscar algo novo nesse intervalo entre o desperto e o sonolento.vinha a sua mente uma pessoa que parecia uma mosca, dessas que todo mundo sentado a mesa não consegue aproveitar pois ela pousa , chata, em tudo o que é lugar. ah, deixa pra lá...vá encontrar a sua turma longe daqui.e continuou batendo os dedos nas teclas quando o telefone tocou: sei...sei... e daí? pensou quando desligou. o problema é de quem fala ou ouve tanta besteira? pra que dar satisfação pra quem não tem nenhuma? já reparou? quem não sente satisfação costuma buscar o tempo todo o controle sobre algo que não possui e nem sabe o que é....ah, não ia perder o seu tempo tão gostoso com conclusões que só poderiam infestar o ar que de manhã cedo já começara tão perfumado e agora de noite continuava mais e mais. ar fresco,gostoso de inspirar e expirar.respirou. levantou os olhos e viu o livro de contos de moravia que acabara de comprar.abriu e leu um pedaço - moravia: porque todos aqueles que não são artistas dizem sim, cada vez mais sim. o eu respondeu: então como explicar o fato de que aqueles que dizem sim apreciam tanto os que dizem não.nunca a arte foi tão apreciada no mundo como atualmente.(ei, espera aí, quando ele escreveu isso? em 1987. vinte e dois anos é muito tempo?) continuou a ler o conto: porque “não” é uma palavrinha necessária , cada vez mais necessária. sem não, não pode haver sim. exatamente o que ela pensava e vivenciava.não quis mais continuar. desligou o computador. estava mais uma vez disponível pra amar. e amou.

terça-feira, 19 de maio de 2009

ah

ah.. o que faltou eu te dizer no sábado falo aqui agora, sempre é tempo e verdade. é do leminski e é você, minha amada menina sem século: quando eu vi você tive uma idéia brilhante, foi como se eu olhasse de dentro de um diamante e meu olho ganhasse mil faces num só instante.basta um instante e você tem amor bastante.

comunicação

fiquei três dias sem computador. deu um problema de mau contato no disco rígido.é estranho estar na cidade sem computador.ontem o telefone fixo saiu do ar para manutenção da rede no bairro e voltou à meia-noite e meia.não vou negar que isso gera um certo desconforto e uma readaptação interior. bem... a comunicação mental foi acelerada e tudo encaixou dentro e fora simultaneamente e aconteceu tudo o que eu queria e mais um pouco na velocidade do sincero desejo em ação.enfim... manter a convicção no imenso poder do coração que não cala um instante. jamais a leveza dos que são ignorantes,como diz lya luft no"silêncio dos amantes". essa só gera ruídos e joga na lixeira a qualidade de qualquer relação.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

viva o original


sou apaixonada pelo trabalho da jovem artista sediada em londres, deepa panchamia. ela faz esculturas em tecidos. seus trabalhos revelam sua riqueza interior e originalidade. isso me faz lembrar do ligth designer alemão, ingo maurer, que diz: "todos nós nascemos originais mas alguns morrem como cópias". é... mistérios da evolução humana... ou da involução?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

eu rio ? eu rio

sabe essa metáfora de que a vida é como o fluxo de um rio? e à medida que caminhamos outras nascentes se aproximam e se unem ao rio? num artigo "entendendo o rio", paulo coelho escreve que a vegetação só nasce onde existe água. quem entra em contato conosco precisa entender que estamos ali para dar de beber a quem tem sede.eu completo: sim, dar de beber a quem tem sede. sede de vida. e jamais permitir que entrem nascentes cuja intenção é somente destruir, sujar, poluir, devastar, impedir o crescimento de novas mudas saudáveis.se a nossa generosidade e amor à vida não vierem acompanhadas de sabedoria e discernimento,assim como a água pode acabar e já está acabando no mundo, acabará o sentido da real humanidade, da energia que cria... e quando formos ver, não terá ninguém pra ver.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

sabedoria e subversão femininas


desenho da ilustradora argentina ana laura perez


...o poder não acolhe bem o desafio. sempre houve e sempre haverá instituições, estruturas e sistemas arraigados que resistem à mudança, que punem a discordância e a inovação, conta a freira Mônica Weis,de Nova York, num depoimento no livro A Sabedoria das Mulheres (editora Objetiva).
“Num dos documentos da congregação das irmãs de São José há uma afirmação que nos define como “mulheres que ousam empreender tudo”, o que entendo como “mulheres ousam ir aonde ninguém esteve antes.”
...o dom especial que as mulheres tem é o de oferecer uma alternativa aos modos de pensar predominantes, insistir no exame da dimensão humana das coisas, na dimensão ética, na dimensão planetária.

"meu maior problema quando eu era jovem era nunca me permitir ser um ser humano: eu estava muito mais ocupada em fazer do que ser.eu achava que quanto mais ocupada estivesse, mais plenamente eu estaria vivendo, mais completamente eu estaria abraçando a vida.você tem que ter sucesso na vida – é o que todo mundo diz. acho que essa afirmação vem dessa peculiaridade da cultura americana em que vivemos, da idéia de que não somos nada exceto o que fazemos – o medo inconsciente de que caso eu pare, talvez não haja nada por dentro
...na juventude tentamos fazer do mundo nossa ostra, modelá-lo conforme nossos ideais, carências, desejos,ambições.
à medida que amadureço venho me desinteressando cada vez mais da vontade de modelar o mundo; estou muito mais interessada em interagir com os ritmos dele, sabendo que fazem parte dos meus ritmos.Buda disse que você não tem que ser nada, você tem apenas que estar consciente, estar acordado."
o título do capitulo dedicado ao depoimento dela é subversão.
"somos tão interligados que qualquer coisinha que façamos tem um impacto. novos modelos são possíveis e estão acontecendo."




terça-feira, 12 de maio de 2009

utopia infectada


utopia infectada era o nome da instalação da artista holandesa Pieke Bergmans.cacos de espelhos quebrados que não permitiam mais o reflexo da imagem integral, só fragmentos.achou o nome muito criativo e a instalação um convite a reflexão. lembrou que um dia lera (e concordara) o que um dos idealizadores da união da comunidade européia dissera:todos os grandes feitos da história foram alcançados a partir da utopia.portanto, o desafio por um grande ideal certamente criará uma grandiosa história.prosseguiu na sua reflexão: para que a utopia faça vencer um grande ideal era preciso ficar atento aos vírus que infectam sempre tudo o que é positivo e o que traz inovação.assim como no universo da comunicação, seu sistema pessoal anti-vírus também era constantemente atualizado. com absoluto sucesso. ainda se preocupava com os que não conseguiam discernir entre o que era ideal criativo em movimento e o que era virus infectando a harmonia, o respeito à individualidade e uma real integração.e continuaria mantendo aceso o alarme contra os que apenas se comprometiam com a destruição, eles mesmos tinham se tornado cacos de espelhos quebrados... já tinham perdido toda a noção sobre o que é integridade e equilíbrio ecológico em ação.apenas refletiam seus pequenos e fechados mundos.bem, essa não deixava de ser uma opção.ela apenas fazia agora um alerta geral: renovem seu sistema anti-virus para que o sistema não fique lento e cuidado com as mensagens que aparecem sedutoras mas podem destruir em segundos todo seu arquivo criativo.

modo de viver

há um modo de viver, escreveu Anais Nin, que deseja mais espaço, bem estar e liberdade.
é como uma viagem de avião sobre as tempestades.

visagem

holy spirit- work in progress - instalação do dinamarquês christian lemmerz

este final de semana conheci uma palavra nova : visagem.
gente, como assim...visagem...é o que? – todo mundo na sala se perguntou.
visagem não é visão nem miragem.
o músico contou que visagem é ver ou ouvir fantasmas. é comum no Pará as pessoas falarem
“ih...é visagem”.
pega lá o dicionário: fantasma.
não tem explicação? é visagem.
no aurélio diz também: gíria carioca = gestos exagerados para impressionar.
nós nunca tínhamos ouvido essa expressão por aqui.
bem...pensando melhor..acho até que nunca tinha ouvido mas agora estou entendendo o que é visagem em seu terceiro e filosófico significado: muito barulho para ocultar a verdade.gestos só pra impressionar.fantasmas em forma de pessoas de carne e osso bagunçando a realidade.
xô visagem! ou melhor: xô visagens (no plural)...


segunda-feira, 11 de maio de 2009

momentos "!!!"


obras de emilie faif - escultora francesa em tecidos
uma sucessão de momentos "!!!"
assim foi meu final de semana.
desejo que muitos possam criar e viver momentos "!!!"
viva a autêntica (r)evolução humana


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