quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

gasto sem proveito


a pia entope, acumula água,o cano novo pinga e pinga o dia inteiro formando bolhas e mais bolhas na fórmica da prateleira abaixo, logo depois que o profissional deu o problema por encerrado. o telhado não segura mais chuva de vento.trocam-se as telhas, fica um furo sobre a porta de entrada, a chuva entra e apodrece o piso de madeira.eles não voltam. deram o serviço por encerrado. ela só copia a criação dos outros,vive o tempo todo como uma réplica descartável made in aqui mesmo.encerra qualquer possibilidade de reeducação.vai, circula, circula energia,circula energia, circula.ele amanhece com dor de barriga e fica na fila para buscar uma doença que não existe, só para não ter que ir ao trabalho que odeia, engrossa a fila para conseguir um atestado.o médico percebe a chegada do ferido em transe e foge rápido pois acabou o seu plantão.ele diz: alcança a régua,por favor, essa que está aí em cima da sua mesa. ela pega. ele vê que ao lado da régua, o copo já havia derramado água sobre o laptop.puxa, você não viu? ela diz: você apenas me pediu a régua e continua mergulhada no papel de onde não sai nada. sobreviver,sobre-viver, sob-reviver, sobre vi-ver. circula energia, circula.

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