quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

sobre gente



recebi ontem, por email, um texto do escritor e poeta uruguaio, mario benedetti, "gente que eu gosto". copio aqui o trecho que mais me tocou: eu gosto de gente de critério, que não se envergonha em reconhecer que se equivocou ou que não sabe algo. de gente que, ao aceitar seus erros, se esforça genuinamente por não voltar a cometê-los. de gente que luta contra adversidades. gosto de gente que busca soluções.eu gosto de gente que pensa e medita internamente. de gente que valoriza seus semelhantes, não por um estereotipo social, nem como se apresentam. de gente que não julga, nem deixa que outros julguem. gosto de gente que tem personalidade.
como colocou na roda de conversa um amigo querido e sábio num reencontro no sábado: não se escandalize com o escândalo dos outros.tudo a ver com gente que não julga, nem deixa que outros julguem. uma coisa (como ele mesmo disse) é analisar, outra coisa é criticar.analisar sempre.assim como benedetti, também não aprecio estereotipos.é tudo muito sutil.
ontem falei sobre como ler textos em italiano me faz bem. reproduzo aqui o trecho de uma entrevista com o escritor italiano alberto moravia:
repórter: em que consistiria a venda da alma?
moravia: precisamente no contrário do pacto análogo do fausto. vender a alma, no fausto, quer dizer na verdade, dizer sim ao mundo.o meu diabo, ao contrário, em troca da obra imortal, pede, exige que o artista diga não.
repórter: por que?
moravia: porque todos aqueles que não são artistas dizem sim, cada vez mais sim.
repórter: então como explicar o fato  de que aqueles que dizem sim apreciarem tanto os que dizem não?
moravia: porque "não" é uma palavrinha necessária, cada vez mais necessária. sem não, não pode haver sim. 

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