teresa costa rêgo em frente a uma de suas lindas telas na celebração de seus 80 anos
a árvore da liberdade - pintura de teresa costa rêgo
semana passada caiu no meu olhar o livro de clelia marchi, uma camponesa italiana que faleceu aos 94 anos em 2006. uma mulher pobre do campo que, ao ficar viúva em 1982,resolveu escrever toda a sua história nos lençóis que já não podia mais dividir com o marido. em 85, ela resolveu mostrar os seus poéticos escritos ao prefeito de sua pequena cidade que ficou tão impressionado com os lençóis-diário que ela acabou ganhando um prêmio do arquivo nacional local, onde o precioso trabalho ficou depositado.
em 89, um neto do fundador da famosa editora mondadori foi visitar o pequeno local em que seu avô nascera e conheceu o trabalho de clelia marchi. ficou impressionado com o que considerou um trabalho literário fora do comum. em 1996, o livro foi publicado sob o título neanche uma bugia – sem nenhuma mentira - uma narração sobre uma vida sincera e rica.
é uma construção poética em que ela conta uma longa vida de criação de tantas vidas, criadas em condições de extrema pobreza e cansaço. os lençóis falam sobre a vida de dores e alegrias e nos levam a lugares da sua memória, os mesmos lugares em que um homem , arnoldo mondadori, trabalhou muito para difundir a arte da escrita através de uma editora. dois destinos diferentes, com profundas raízes em comum, que levam a caminhos distantes e ao mesmo tempo próximos, o destino de fazer livros.
é assim que a editora apresenta o livro,um sucesso em várias edições.
os lençóis de clelia já provocaram várias exposições.
voltei a pensar sobre o tempo, o que é permanente e não passa, a juventude que em qualquer tempo capta, percebe, realiza o que será sempre essencial.
não bastasse a emoção que essa simples e anônima mulher provocou em mim, fico sabendo (através da carlota lá de pernambuco) que a pintora tereza costa rêgo acaba de comemorar seus 80 anos. clico o play nos vídeos que ela postou em seu blog -carlotavasconcelos.blogspot.com -
......não acredito no que vejo, uma belissima energia, tereza circulando no seu atelê em olinda , linda, uma linda mulher realmente viva....
o tempo tem sido sempre seu parceiro. sua vitalidade não respeita cronologias. prefere não se render a rituais ou formalidades da data. “o relógio não a venceu. ela fez um pacto com os deuses, vai ficar bonita a vida inteira”, corteja o pintor joão câmara, seu amigo há décadas. ( diz o artigo sobre os seus 80 anos de bruno albertim e olivia mindelo).
desde que me conheço penso sobre esse assunto, o tempo. a pureza,a sensibilidade, a energia que não escolhe idade.já conheci crianças muito bem nutridas e bem perversas, jovens múmias e alguns de idade avançada que não conseguiram vencer nem o próprio mau humor. sempre me perguntei sobre a reação que cada um é capaz de ter. ao sofrimento.e à felicidade também.
2 comentários:
Quando chego nessa sua casa perco o tempo... e perder o tempo é quebrar correntes, amarras. Ao menos nesse caso. Livre!
Querida Simonetta, agradeço a citação ao meu blog; ainda não tinha tido a oportunidade de retornar aqui. Tereza de fato tem uma habilidade fabulosa para a construção desses deslumbres em cores. Simplesmente fascinante. Abraços fraternos de uma admiradora constante! Bjs poéticos
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