quarta-feira, 20 de maio de 2009
shhh... la belleza es tu cabeza
ela sentou decidida a encarar sua falta de vontade de escrever.estava plena e esvaziada ao mesmo tempo.um intervalo entre uma onda que se esparramou e outra que está começando a se formar.então pra que falar? não...não queria contar nada nem sobre si mesma nem sobre os outros,nem sobre o encontro entre tudo, nem sobre os que alimentam e muito menos sobre os que só sabem devorar. mas nesse instante quis entrar nesse vácuo, nessa súbita indolência de sentimento e pensamento. buscar algo novo nesse intervalo entre o desperto e o sonolento.vinha a sua mente uma pessoa que parecia uma mosca, dessas que todo mundo sentado a mesa não consegue aproveitar pois ela pousa , chata, em tudo o que é lugar. ah, deixa pra lá...vá encontrar a sua turma longe daqui.e continuou batendo os dedos nas teclas quando o telefone tocou: sei...sei... e daí? pensou quando desligou. o problema é de quem fala ou ouve tanta besteira? pra que dar satisfação pra quem não tem nenhuma? já reparou? quem não sente satisfação costuma buscar o tempo todo o controle sobre algo que não possui e nem sabe o que é....ah, não ia perder o seu tempo tão gostoso com conclusões que só poderiam infestar o ar que de manhã cedo já começara tão perfumado e agora de noite continuava mais e mais. ar fresco,gostoso de inspirar e expirar.respirou. levantou os olhos e viu o livro de contos de moravia que acabara de comprar.abriu e leu um pedaço - moravia: porque todos aqueles que não são artistas dizem sim, cada vez mais sim. o eu respondeu: então como explicar o fato de que aqueles que dizem sim apreciam tanto os que dizem não.nunca a arte foi tão apreciada no mundo como atualmente.(ei, espera aí, quando ele escreveu isso? em 1987. vinte e dois anos é muito tempo?) continuou a ler o conto: porque “não” é uma palavrinha necessária , cada vez mais necessária. sem não, não pode haver sim. exatamente o que ela pensava e vivenciava.não quis mais continuar. desligou o computador. estava mais uma vez disponível pra amar. e amou.
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Um comentário:
OBRIGADA!
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