presentes

dá pra ver que você está muito feliz, ela escreveu lá de longe. eu sorri do lado de cá. já tinha chorado e aliviado a pressão no coração, que bom. e,como sempre, buscando por trás da forma o real significado de todos  os momentos os momentos presentes, inclusive os passados presentes (aqueles que ainda fazem chorar).porque eu não acredito em lamentações como forma de construir nada. ao contrário, eu acredito no esforço de fazer a mais pura alegria vencer e dar forma a qualquer sonho que cabe na vida. a alegria da confiança que a todo instante precisa ser construída com coragem, sem alienação.longe de lamentações e julgamentos pequenos ( aqueles que eu chamo de 'cultura de condomínio', esse padrão de certezas, gesso que finge ser mármore,a cultura que acha que conquistou algo e não possui nem a si mesmo, ai...sempre detestei tudo isso,  sempre abominei a 'cultura de condomínio').e foi assim que, com leveza decidida, o dia se abriu para um monte de encontros significativos e muitos, muitos presentes palpáveis, inesperados, colares dourados, madrepérolas,eclaires de creme, japa food,caipirinhas, torta de chocolate com sorvete, telas púrpuras com lindas palavras douradas, declarações sinceras de amor e amizade e arte,faladas e escritas, flores, muitas flores, de um vermelho que namora o pink e o laranja,olhares cúmplices, e uma surpresa mágica e linda, de um amigo artista de sete anos: fitas de bonfim multicoloridas, uma caixinha de porcelana cheia de contas sextavadas brancas, com uma pérola única de outra côr e um vidrinho cheio de purpurina azul - para que eu faça um novo trabalho e construa o meu céu - foi assim que ele disse (tudo isso saiu de um saquinho cor de rosa que levou o meu coração a dar voltas na lua).o visível dando forma ao invisível. as verdadeiras relações de amor.adormeci plena e agradecida.acreditando no encontro das pessoas humanas. acordei no primeiro dia do meu ano novo, depois de mais um aniversário, com um ramo de enormes, exuberantes, perfumados lírios brancos.a casa está uma instalação de tudo o que há de mais precioso.