sexta-feira, 16 de abril de 2010

mapa mundi



ser filha, ser mãe. mães e filhas. um imenso terreno contínuo.encontro no tempo. espaço que amplia.

e quando o chão de cultivo em comum é arte, tudo fica muito intenso,exuberante, sem fim.oooh,sim, sei que o próprio cotidiano deveria e pode e precisa ser arte. clichê, mas pura realidade (passam tantas histórias reais na minha mente agora, sobre mulheres que nunca fizeram arte, fizeram mais, fizeram a vida vencer).
contrações, dores de parto, nascimentos,dentes que furam a gengiva para crescer,triturar e aproveitar o que é alimento e traz energia, descartar o que nem esterco é,vitórias, cansaço,celebrações. o que foi plantado, o que brota, o que cresce, o que dá luz a mais horizontes, montanhas, lua em quarto crescente,cheia, sol que arde e queima de tanto verão, ou corta e rasga e pode até ser macio no frio.mas sol e lua sempre estão ali, montanhas também,testemunhas das relações de vida que se expandem..
( cadê aquele seu batom cor de boca, fosco?
oi?
)
vendo-a trabalhar sobre este enorme mapa, absorvendo tudo o que recebeu e indo muito além, penso, enquanto ela pinta: mães e filhas, países que se investigam, provocam, dialogam, para poder criar um novo continente.ou continentes que descobrem novos países.mapa mundi cheio de olhos,hormônios, delicadezas,aromas,asperezas, corações que não param de questionar e explanar, trocas que criam, novos rumos.(minúsculos municípios da minha vivência, tudo é muito maior do que estou mapeando aqui).
pensando no mundo todo...meu coração chega a arder com tanto sofrimento que existe.geralmente são as mães que propõem um novo continente (lembro o não! e todas as maravilhosas consequências desse não firme que a rosa parks disse ao motorista de ônibus, não, não , não vou ceder o meu lugar a um branco e pode levar esse ônibus pra delegacia). existem sim alguns pães, como costumam definir esse novo genero humano,que se unem às mulheres humanistas e guerreiras, ou somam mesmo todas as funções sozinhos,quando a mulher resolve deixar de ser e existir, mesmo estando viva, perambulando por aí como ectoplasma, até perto da família, vivendo inclusive em nobres endereços,correndo esbaforidas, só atrás do inútil, do que não tem consistência e só gera ilusão, fonte de todo sofrimento.a sociedade afinal é a soma de todas as micro células chamadas família. seja como for que duas ou mais pessoas, que vivem juntas, se organizem e convivem, o produto desse encontro é que é o xis de toda a questão que ameaça a dignidade de todos, egoismo,ganância estúpida, hipocrisia,corrupção,mentira,violência,guerras,manipulação de consciências,bombas de neutrons. tudo depende de que um se soma a outro um para que o resultado não seja zero, ou menos zero, o nada que nada alimenta,não troca, não soma, só busca subtrair, tirar proveito.
você sabe orar, pedir o máximo de você mesmo? (clarice lispector)

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