sexta-feira, 7 de novembro de 2008

descoberta

O telefone ficou sobre o travesseiro. Caiu a linha.No momento em que ia te contar um pouco de mim, de agora.Até parece que foi de propósito.Quando o telefone tocou, eu ía pegar um papel e me contar um pouco.E nem cheguei a tocar na maçaneta e te disse alô, e te sorri pelos fios.Agora estou sentada ao lado do travesseiro.E lá fora o som das latas de lixo.
Eu te falei que depois de xxxx 2 (?!) meses, senti novamente essa sensação não física de cócegas subir o meu corpo? Desejo de escrever. Estava jantando.
Caiu a linha.
Nada é por acaso.Mas nem todas as
coincidências são propositais.
Não me interprete da forma que eu não sinto.
Ah, e se fosse assim, a gente escrevia, a gente falava, a gente vivia?

É por isso que gosto do silêncio. Não o de omissão. Mas esse silêncio que une as emoções e tudo mais, que capta o imperceptível. Então escrevo: quando estou em silêncio, estou em ponto de encontro.
E amo os gemidos, sussurros, berros,sons indefinidos, aqueles que escapam não sei de onde.Eles tem um cheiro único, o cheiro da essência de uma pessoa.
Quando o silêncio geme no meu ouvido, eu o sinto amante,e então conto que ele me despe, me acaricia, que nos amamos sem pudor, à vista de todos. Que se espantam sem nos ver.E criticam sem saber.
Gosto de descobrir a sensualidade da natureza, do cosmos.As estrelas pulsando, as folhas tremendo de orvalho.
Amo sons africanos e flauta doce e transversa e violino e piano.As ondas do mar. Identifico-me muito com o mar.Muito. Ah,relâmpagos e trovões eu adoro,mas tenho medo, um medo muito rápido que aumenta o prazer.Assim como a dor.Só que para mim a dor tem que ser rápida, senão não há prazer que compense.
Sou extremos.Quando o equilíbrio se aproxima, sinto-me um objeto.É sim , pra mim equilíbrio é um jeito de precipitar a morte, o único equilíbrio necessário.
É preciso ter coragem.
Eu tenho.
A coragem de ser eu.
Um tanto indefinida. Energia esparramada.
Mas não escondo.
Existe uma criança em mim que às vezes chega a me seduzir inteira.Então parece que vou me diluir. Penso que todas as flores tem o mesmo perfume e quando cheiro um cactus, ou acabo ignorando por completo ou amando do jeito que ele é.
Está me enchendo falar de mim.
Eu sou.
Sem explicações.
Você sente.E percebe.
E talvez se engane.
Mudo com as estações, com a temperatura.
Com as pessoas não mudo.Só quando para mim mesma.
Tenho uma forte necessidade de transpirar as minhas emoções.Por isso danço, escrevo,pinto.Quando me encasulo, é porque um novo estágio está se desenvolvendo, prestes a explodir.
Amo a noite. Só durmo quando meu físico cede.Ele está começando a ceder.Vou me deitar.
Quando criança rezava para o dia amanhecer com chuva.Odiava aqueles dias hiper ensolarados, com tudo brilhando em technicolor.Nas sombras é que eu via as cores de verdade.Continuo amando a chuva.Sol, só perto da natureza.
Morei nun 5° andar.Tinha um terraço com gerânios à altura dos meus olhos de 5 anos.Eu vivia olhando as pessoas na rua, pra lá e pra cá, e pensava: é igualzinho a um teatro.Mas quem será o dono dessas marionetes?
Tive muitos bichos.
Amava flores loucamente.
Minha babá me lia muitos contos de fada e a Divina Comédia.
Nunca gostei de balões,pirulitos e pipocas.Meu primeiro amor foi uma boneca que ganhei aos 2 anos e a ela fui fiel até o fim das bonecas.Minha primeira grande paixão foi um cachorro, aos 7 anos, até o primeiro namorado.
Tinha 5 anos quando descobri que eu também tinha um papel.Mas não faz muito tempo que me vi personagem.

outro dia descobri e reli este texto que escrevi aos 20

anos.o tempo passou e passou... me vi nele do jeito que ainda sou.descobri quem é o dono das marionetes e qual é a assinatura que permeia os vários personagens







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