sexta-feira, 14 de novembro de 2008

potência

ela era bem garota.gostava de ler. gostava também de pensar sobre o que seria o amor.amor com paixão.que dura. estava voltando da praia com uma amiga.entrou no elevador. dois homens muito bonitos e de cabelos grisalhos discutiam sobre a mulher que abandonou o marido. falavam muito, um atropelando a opinião do outro.o elevador parou no 4° andar. antes de sair, um deles, o que era bastante careca, perguntou à menina: e você, o que acha que é amor?
ela respondeu firme no alto de seus 13 anos: amor não é um ficar olhando pra cara do outro mas os dois olharem para a mesma direção.eles ficaram segurando a porta do elevador com aquela expressão de quem jamais tinha pensado nisso.o elevador subiu e as duas amigas riram muito.o tempo passou, ela casou, o tempo passou e um dia ela se lembrou. e percebeu que era verdade. que o que mantinha a paixão naquela relação era os dois olharem para a mesma direção. cada um com a sua história e personalidade, com seus defeitos e qualidades. ela nunca suportou aqueles casais colados, que fazem tudo grudado, sempre achou que isso era falso, que um dos dois estava sendo dominado (isso ela também comprovou).de todas as amigas daquele grupo elas duas eram as únicas que continuavam casadas.e vivas.não adiantou nada o vizinho fazendeiro falar pro pai dela: esse namorado da sua filha nunca vai se comprometer com ela, ele tem sexo e inteligência à vontade. e o pai da menina já mulher disse: se ele não continuar com ela porque tem sexo e inteligência à vontade ele não é homem pra ela. outro jogo que ela sempre abominou: fingir que não quer pra criar falsa tensão , o outro precisar sentir que está perdendo pra aumentar o tesão. sempre achou isso muito neurótico,outro joguinho de dominador e dominado. e descobriu um dia que é desse jogo que nascem e crescem a miséria, a fome,a insatisfação, a violência.sim ela pagou um preço caro por ser diferente.mas como diz um amigo dela, a loja de 'tudo por um real' está cheia( e mesmo assim vive passando o ponto)enquanto a joalheria cara , quando você olha de fora, está vazia, mas tem filiais no mundo todo e é uma potência.ela nem queria que eu contasse isso tudo já que não quer parecer que está ditando regra pra ninguém ou se achando na sua percepção, e não é essa a questão, ficar junto ou separado, cada um faz a sua opção. mas eu a convenci que não era essa a questão, que ela tinha descoberto a real origem da miséria e de todas as guerras que sempre começam entre duas pessoas e se transmitem de uma forma inconsciente geração a geração.xô ilusão!

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