terça-feira, 2 de março de 2010
verão, veremos
chove.
o vestido novo cheio de flores pintadas e bordadas a mão aguarda a sua vez de sair, passear e interagir pelo mundo.
lembro agora de trechos do livro "geografia da vida humana", publicado em 1903, pelo professor tsunessaburo makiguti, que tinha uma visão ampla muito antes do mundo estar declaradamente globalizado. reproduzo aqui os trechos que me tocaram e um dia organizaram em palavras o que eu já pensava e sentia.
"Sou do vilarejo pobre de Arahama, localizado ao norte do Japão, um homem comum que passou a metade de sua vida procurando suprir as necessidades diárias e dar uma pequena contribuição ao mundo. Contudo, quando penso nas coisas ao meu redor, fico admirado com a variedade de lugares de origem desses objetos que afetam minha vida. Por exemplo, uma peça de lã que me envolve foi originalmente produzida na América do Sul ou na Austrália e processada na Inglaterra por trabalhadores britânicos e com a utilização de carvão e ferro extraídos dali. Meus sapatos têm solas feitas de couro fabricados nos Estados Unidos, e o resto do calçado é de couro da Índia. Sobre minha escrivaninha há uma lamparina a querosene; ela é silenciosa, embora o combustível em seu interior esteja dizendo: 'jorro do sopé das montanhas do Cáucaso, ao longo da costa do Mar Cáspio, e cheguei aqui depois de ter viajado milhas e milhas de distância.' As lentes dos meus óculos foram produzidas com a destreza e precisão dos alemães.
Iniciei este capítulo descrevendo essas coisas triviais porque é muito mais fácil para nós percebermos a extensão de nossas inter-relações com o mundo ao nosso redor se reconhecermos a presença dessas relações até mesmo nos pequenos aspectos de nossa vida cotidiana. Imagine um homem que leva uma vida suntuosa, que monta num cavalo árabe, usa uma jaqueta de couro feita em Lyon, que se aquece com um casaco de pele da costa do Mar de Bering ou protege sua cabeça do sol com um chapéu do Panamá. Ele se revigora com especiarias das ilhas dos Mares do Sul, tem ouro do Transvaal, na África, e usa como adorno jóias do Amazonas. Essa pessoa na realidade depende de três tipos de clima (tropical, subtropical e frio) para manter a temperatura do corpo, do solo de cinco continentes distintos para alimentar-se, e de cinco diferentes raças para enriquecê-lo."
"O ponto inicial e natural para compreender o mundo e nossa relação com ele é a comunidade (uma comunidade de pessoas, de terra e cultura) que nos dá origem. É essa comunidade que nos concede a própria vida e nos inicia no caminho para nos tornar as pessoas que somos. É ela que nos oferece a base como seres humanos, como seres culturais."
"Nas interações com o meio ambiente, observo simetria, harmonia e provas da lei universal no meio da complexa diversidade da natureza. Inconscientemente, meu coração se enche de gratidão e respeito. Essa é a interação espiritual que descrevemos como religiosa."
o vestido novo cheio de flores pintadas e bordadas a mão aguarda a sua vez de sair, passear e interagir pelo mundo.
lembro agora de trechos do livro "geografia da vida humana", publicado em 1903, pelo professor tsunessaburo makiguti, que tinha uma visão ampla muito antes do mundo estar declaradamente globalizado. reproduzo aqui os trechos que me tocaram e um dia organizaram em palavras o que eu já pensava e sentia.
"Sou do vilarejo pobre de Arahama, localizado ao norte do Japão, um homem comum que passou a metade de sua vida procurando suprir as necessidades diárias e dar uma pequena contribuição ao mundo. Contudo, quando penso nas coisas ao meu redor, fico admirado com a variedade de lugares de origem desses objetos que afetam minha vida. Por exemplo, uma peça de lã que me envolve foi originalmente produzida na América do Sul ou na Austrália e processada na Inglaterra por trabalhadores britânicos e com a utilização de carvão e ferro extraídos dali. Meus sapatos têm solas feitas de couro fabricados nos Estados Unidos, e o resto do calçado é de couro da Índia. Sobre minha escrivaninha há uma lamparina a querosene; ela é silenciosa, embora o combustível em seu interior esteja dizendo: 'jorro do sopé das montanhas do Cáucaso, ao longo da costa do Mar Cáspio, e cheguei aqui depois de ter viajado milhas e milhas de distância.' As lentes dos meus óculos foram produzidas com a destreza e precisão dos alemães.
Iniciei este capítulo descrevendo essas coisas triviais porque é muito mais fácil para nós percebermos a extensão de nossas inter-relações com o mundo ao nosso redor se reconhecermos a presença dessas relações até mesmo nos pequenos aspectos de nossa vida cotidiana. Imagine um homem que leva uma vida suntuosa, que monta num cavalo árabe, usa uma jaqueta de couro feita em Lyon, que se aquece com um casaco de pele da costa do Mar de Bering ou protege sua cabeça do sol com um chapéu do Panamá. Ele se revigora com especiarias das ilhas dos Mares do Sul, tem ouro do Transvaal, na África, e usa como adorno jóias do Amazonas. Essa pessoa na realidade depende de três tipos de clima (tropical, subtropical e frio) para manter a temperatura do corpo, do solo de cinco continentes distintos para alimentar-se, e de cinco diferentes raças para enriquecê-lo."
"O ponto inicial e natural para compreender o mundo e nossa relação com ele é a comunidade (uma comunidade de pessoas, de terra e cultura) que nos dá origem. É essa comunidade que nos concede a própria vida e nos inicia no caminho para nos tornar as pessoas que somos. É ela que nos oferece a base como seres humanos, como seres culturais."
"Nas interações com o meio ambiente, observo simetria, harmonia e provas da lei universal no meio da complexa diversidade da natureza. Inconscientemente, meu coração se enche de gratidão e respeito. Essa é a interação espiritual que descrevemos como religiosa."
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