terça-feira, 30 de novembro de 2010
sólidas respostas - this is the age of aquarius
muito,muito,muito calor. minhas pálpebras pesam, é a pressão atmosférica que provoca um falso sono.nem brisa, nada se mexe. de repente sinto o aroma da essência natural de flor de lótus que mme p. trouxe do cairo e que generosamente passou nos nossos pulsos em recente noite de roda de mulheres.o perfume sai do vidrinho com filigranas de prata e me leva ao sabor do meu primeiro encontro com as peras vermelhas, macias, doces, perfumadas,elas vem para cá da argentina.abro a porta.espero.
"bem-vindos à terra da deusa maia da lua, ixchel, que também era deusa da razão, da criatividade e da liderança.que ela inspire a todos vocês, reunidos aqui, para chegar a uma sólida resposta às mudanças climáticas, usando razão e criatividade. estou convencida de que daqui a 20 anos vamos admirar a tapeçaria que tecemos juntos e lembrar com carinho de cancún e da inspiração da deusa ixchel." com estas palavras, christiana figueres recepcionou ontem os representantes de 194 países, reunidos no méxico,para reverter os desastres climáticos.
se não minimizarmos a emissão de carbono e o desmatamento das florestas, daqui a 20 anos a temperatura subirá tanto, provocando transformações dramáticas, secas, colapso da agricultura e o aumento do nível do mar. nos primeiros nove meses deste ano, 21 mil mortes foram registradas neste planeta em consequência dos desastres climáticos provocados por nós,muito mais do que havia sido previsto.fico chocada de saber que só em julho e agosto, 700 pessoas morreram por dia na rússia por causa do excessivo calor, lá a temperatura aumentou este ano 7,8 graus celsius.
que paciência tem esta mãe terra....
invoco a deusa ixchel
para que razão e criatividade entrem de fato em ação.
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e o muro de berlim daqui,não acaba de cair?
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
reverencio a vida que não cede ao caos
diante do momento histórico que o rio vive,reafirmei algumas nem tão novas reflexões sobre a realidade da vida: não basta a união de vários corpos , mentes e corações em ação por um objetivo em comum, sim, isso é essencial; para debelar o poder da maldade (o que destrói, mina a dignidade da vida) é preciso quantidade (e que quantidade!!! calcule neste momento a proporção entre as forças somadas e unidas que protegem a lei para enfrentar os que agridem a lei) e qualidade de pessoas unidas, sinceramente dispostas a se esforçar para que o bem da vida vença. mais: os representantes da total distorção da vida não se dispõem ao diálogo, ao contrário, medem força, desafiam e agem como os covardes que são, ameaçando e colocando em risco a integridade da vida, sustentando o domínio do medo e da enganação ( e isso é em todos os lugares). olho pela janela e vejo duas pombas brancas e penso: os pássaros podem descansar sobre os fios de alta tensão. os homens não.do veneno da cobra que mata tem que produzir o soro anti-ofídico. sim, sim , uma pessoa pode ser o extraordinário ponto de partida para comprovar e expandir o valor da vida.mas contra o mal, há de ter muitos, muitos,muitos que não cedam ao medo, à ganância,às ilusões que só ampliam o vazio, enchendo-o de dor,angústia e exploração.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
ahhhh...(digo para mim mesma enquanto respiro fundo): não posso perder nunca esse meu lado que chamo de folk, xamã, da terra (que besteira! respondo,numa fração de segundo, como você vai perder você? nunca! e paro de pensar). esse eu que, no meio de uma tarde em que a cidade está tensa mas tem mais é esperança, consegue sentir o calor do vento quente bater no corpo e de repente se transporta, respira fundo, sente a vida bater lá no fundo,levantar ondas e ondas de gratidão, uma atrás da outra, gratidão por pessoas tão diversas, algumas passaram rápido, outras ficaram, mil imagens em flash back e flash now,que ao longo da vida sustentaram e sustentam o que há de melhor em mim, as naturalmente generosas e as cruéis inclusive,que também me deram a chance de me conhecer mais, expandir quem sou, saber a que vim.
gosto de andar balançando os braços, livres. adoro dançar danças de roda.agora eu tomaria um gole de sljivovica gelada mas não tem.mesmo assim faço um brinde à paixão, tanto pelas respostas quanto pelas questões.
gosto de andar balançando os braços, livres. adoro dançar danças de roda.agora eu tomaria um gole de sljivovica gelada mas não tem.mesmo assim faço um brinde à paixão, tanto pelas respostas quanto pelas questões.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
não pode ser, nem aqui nem lá
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
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cosmic burst - desenho e colagem de yuko oda |
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
" o amor é a experiência humana mais exigente; não é contrato, troca de favores, investimento, é entrega e compromisso. do "sacrifício" de amar nasce a mais perfeita alegria. ninguém faz cara feia quando se "sacrifica" por amor. não se trata de anulação, subserviência de quem ama, trata-se da morte do ego, tarefa a ser feita até o último suspiro". adélia prado
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
terça-feira, 16 de novembro de 2010
o brechó de mme r.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
11:11
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foto alison scarpula |

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discovering the universe emma thompson |
auto-retrato (koln concert)
adoro usar jóias de outras culturas, índia, egito, cazaquistão.não uso tudo de uma vez.sou barroca e minimalista.agradeço todos os dias ter sido criada por eslavos impetuosos. nasci em milão.tomava sol nua no inverno da praça perto do scala para fortalecer a saúde.parecia uma mulata loira.em londres, acharam que eu era americana, nos eua, inglesa, na sérvia, alemã,no méxico,argentina.sou carioca.sonho muito com florença e em assistir ao pôr do sol em istambul, do alto de um minarete.converso muito com a natureza, ela sempre me responde ao que ainda não consegui ouvir.dizem que sou uma excelente ouvinte, isso impressiona as pessoas.a minha sensibilidade trabalha a favor e contra mim.sempre foi assim.a rita, a angela, a,o… muitos já me disseram que por onde ando, as máscaras caem.tem que ter coragem para ser assim. eu crio, às vezes eu canso.adoro andar descalça.dançar em volta da fogueira,lá no meu campo,me faz muito feliz.amo silêncio.gosto de gente, não gosto de muita gente junto de uma só vez.depende.tristeza, só a sofisticada.não abro mão de vinho tinto nem de caipirinha de saquê lotada de lichias.teatro entrou na minha vida muito cedo, é sagrado, não é encenação.aquela vidente disse que era coisa de muitas vidas.quase morri quando a minha mãe morreu, eramos jovens.prometi sobreviver e ir além.desde então, estou indo, descalça,de botas ou havaianas, sempre usei,antes de virar moda (muitos estranhavam).ando naturalmente sobre saltos altos também.amo o meu marido e a minha filha. são seres humanos raros.tenho amigos antigos e novos que viram milenares.escolho muito. talento me atrai, fugiria por uns dias com um maestro ou com o harvey keitel, tenho essa fantasia.prefiro dar um mergulho no rio limpo lá da montanha do que no mar.lago provoca em mim uma melancolia vulgar.minha casa é refúgio onde crio.aprecio muito a minha própria companhia.não vejo a hora passar, feito criança que não quer ir pro banho,quando faço colagens.prefiro vestidos e amo calças.meu querer é forte.às vezes ele adormece e ronca tanto…eu me incomodo.eu queria muito ter uma onça.meu pai foi ao interior da amazônia e um caboclo, isolado na floresta, ofereceu um filhote de onça e disse assim: leva para a sua filha.é essa a comunicação que eu gosto.sou capaz de passar dias sem abrir a boca.fico irritada quando estou com sono.falo na mesma medida que ouço, muito.como e amo em silêncio.fui dirigindo sozinha para a maternidade, tendo contração. foi parto normal.quando ouvi keith jarett tocar ao piano koln concert, pela primeira vez,senti que ali estava a composição da minha energia.tenho mania de desenhar estrelas de cinco pontas em qualquer espaço em branco que estiver na minha frente.não ficaria numa fila para receber um abraço ou ver as cinzas de sakyamuni.
forma inspirada no livro " alguns leões falam " de
anderson anibal,dramaturgo e diretor teatral
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
num certo país, numa casa, havia um rato enorme e muito perigoso. para libertar-se dele, o dono da casa apelou para todos os gatos que conhecia. o primeiro gato que se apresentou era atleta, um gato muito forte.para surpresa de todos,este gato,que sempre fora vitorioso foi vencido pelo rato.o segundo gato que se apresentou, disse ao primeiro:foi normal você ter sido vencido porque à sua força opôs-se uma outra força. é preciso servir-se da força do inimigo para que ele se auto-destrua. esse gato conhecia muito bem as artes marciais. apesar de aplicá-las com toda competência foi vencido.chegou então um outro gato que disse: todos os meus predecessores não compreenderam. este tipo de rato só pode ser vencido pelo poder do espírito. sentou-se numa postura adequada para hipnotizar e destruir o rato e de nada adiantou.então, eis que chegou uma velha gata que não tinha nenhum ar extraordinário. entrou no quarto, foi diretamente ao rato, pegou-o pela pele do pescoço e jogou-o fora. todos os outros gatos lhe perguntaram: o que você fez? qual foi a sua técnica?quem é o seu mestre? qual é a sua energia?como isso foi possível? e ela lhes respondeu: eu não tenho técnica. quando entrei neste quarto não tinha nenhuma idéia, nem sobre o rato nem sobre o modo de vencê-lo. simplesmente escutei o movimento do meu ventre, o movimento da vida em mim e fiz o que me pareceu certo. nada tenho de especial. conheço num país vizinho um velho gato, ele é muito gentil e muito mais forte do que eu. no país em que ele vive os ratos sumiram. (história contada por graf durckheim)
terça-feira, 9 de novembro de 2010
escutar o ventre
um dia ele me contou que os povos muito racionais apontam a própria testa quando dizem eu, os emocionais apontam o coração e alguns, raros e escondidos neste planeta, fiéis a uma ancestralidade ricamente humana, apontam o ventre para mostrar onde o eu habita.agora que eu e o livro o corpo e seus símbolos - uma antropologia essencial ( de jean-yves leloup) nos encontramos, fiquei sabendo o seguinte: ter ventre é ter centro. nas esculturas romanas, o cristo tem um ventre bem proeminente, o mesmo acontece com as esculturas das virgens romanas. buda e lao-tsé são representados às vezes com um grande ventre.isto não quer dizer que eles sejam grandes apreciadores de favas ou massas e sim que estão centrados no universo.se vocês observarem um bebê verão que ele corre com seus pés e com seu ventre porque o ventre é o centro da gravidade. assim, o ventre é um local sagrado. na arte japonesa do ikebana, um arrajno feito com o ventre é muito diferente de um arranjo feito com o coração. um arranjo feito com o coração manifesta nossos sentimentos ou nossa emoção e um arranjo feito com o ventre manifesta a harmonia da natureza. arte das formas é como um eco das formas que se encontram na natureza. no japão, servir o chá é uma arte. o chá pode ser servido com o ventre.quer dizer, a pessoa oferece o chá permanecendo centrada. e ocorre uma comunicação de energia. lembrei de quando meu pai estava indo embora, os médicos tinham proibido qualquer alimento sólido. uma noite ele me pediu para fazer uma sopa de legumes, em pedaços. e eu fiz, uma sopa muito rica. e ele amou. e, ao contrário do previsto, passou muito bem.ele, que tinha uma mente super científica, comentou que devia ser a energia com que fiz aquela sopa. acho que a fiz com o meu ventre.penso agora nas danças de roda que a djalla nos propõe, estou de volta aquela sala imensa, no meio do mato e das rochas em que consagramos a primavera, numa união mais que possível, verdadeira.acho que naquele dia, todos, mulheres,homens e crianças estavam com o eu do ventre aceso. enquanto escrevo, percebi mil coisas sobre a nossa sociedade contemporânea e sua estética do corpo - e as consequências disso nas relações consigo mesmo e com os outros.não aprecio ventres imensos,gosto das curvas do meu,o que aprecio mesmo é a arquitetura espontânea e natural do corpo de cada um, sempre observo o conjunto.o autor do livro pede que escutemos o nosso ventre."ele é duro ou mole? sentir se o ventre está duro. se ele se fecha, ele se defende. ou, ao contrário, se ele é mole." compreendo.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
fazer a pergunta certa

"a ativação deste signo no céu - como no momento atual - induz o despertar dos desejos mais velados."
"neste momento em que o sol ilumina o signo de escorpião, também nós descemos à morada dos mais intensos e sombrios sentimentos, desejando recuperar o que, um dia, perdemos.tão profunda é a descida e tão intenso o desejo, que morremos para os antigos valores para que, então, abra-se espaço para o inédito. assim, transformados e libertos dos sentimentos que nos atormentam a alma, podemos celebrar uma união feliz." claudia lisboa em artigo publicado na revista do jornal o globo.
"...nos servirmos dos acontecimentos da primeira infância ou dos traumas que sofremos para crescermos, evoluirmos. não sermos mais escravos do que nos ocorre, não sermos mais uma folha levada pelo vento, mas sermos o vento que carrega a folha. porque há em nós, certas vezes, folhas mortas, memórias dolorosas e nós somos isso. mas somos, também, este vento que levanta as folhas e limpa nosso jardim. e que vai permitir a floração da primavera.
o homem é uma mistura de natureza e aventura. não se pode esquecer a aventura, que é a liberdade sobre a natureza.não podemos mudar a nossa natureza mas podemos orientá-la. não posso transformar argila em mármore.mas com a argila ou com o mármore que me é dado, posso fazer uma vênus de milo ou um penico." jean-yves leloup no livro o corpo e seus símbolos
a caveira é mais uma representação da intuição e dispõe de um poder de discriminação exclusivo. se não a jogarmos fora (a tentação é grande) tudo o que oprime perde a libido. clarissa pinkola estées no livro mulheres que correm com os lobos
tenho uma série de livros que vieram às minhas mãos, ou a minha intuição os procurou e encontrou,
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the sartorialist - milano |
a jornada, destinée presente
sim, gostaria de contar. é muito, muito.mas não posso.posso mas não devo.sou eu mesma quem diz "não devo". um "não devo" concentrado.olho que a tudo vê, em silêncio, a partir do ventre.o coração contrai e expande, o meu nunca foi de pedra. o corpo está relaxado. o sol macio bate na nuca elástica.um pássaro canta.eu o vejo. é um. o carro passa.que doce bom, obrigada..."no destin, eu renuncio a minha liberdade. em destinée, eu introduzo a liberdade. duas palavras parecidas, em francês, e com sentidos completamente diferentes. não há tradução em português que capte essa diferença entre destin e destinée". adorei te conhecer, jean-ives leloup. abro o caderno para pegar o endereço anotado às pressas e lá está kant, naquela folha cheia de anotações e estrelas de cinco pontas, ele diz que avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar.ah, leloup...nunca ouvira uma análise tão rica quanto a que você faz,que na resposta de édipo à esfinge (qual é o animal que pela manhã tem quatro pernas, ao meio-dia tem duas e ao entardecer tem três?) a terceira perna é o que se cria com o tempo "para que nossos pés se tornem livres,para que encontremos nossas asas, para que, como humanos, reencontremos nossa dimensão divina". isso eu preciso contar aqui: "a resposta que édipo dá a esfinge é que o homem é esse caminho que passa da unidade indiferenciada, através do conflito, da dualidade,do caminho feito com dois pés ao caminho com três pés, a unidade diferenciada.é semelhante à história de um amor, no qual no início andamos bastante com quatro patas em um estado de fusão, de mistura.em seguida, como casal, andamos com dois pés e cada um de nós é ele mesmo. frequentemente há oposição e conflito, pois cada um quer se afirmar em sua diferença.finalmente há a terceira etapa do amor, quando caminhamos com três pés. porque descobrimos que o amor é o terceiro entre nós.e que esse amor é uma presença,um cajado, um elo entre nós".
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