segunda-feira, 29 de junho de 2009

em construção

bem, é verdade, ela pensou, havia uma melancolia que insistia em entrar.desta vez foi a sua querida anis nin quem a abraçou (como fizera tantas vezes) e lhe contou: chorei porque não era mais uma criança com a fé cega de criança. chorei porque não podia mais acreditar e adoro acreditar.não,ela não chorava. a melancolia insistia porque ela também não podia mais acreditar.e adorava acreditar. então, anais a revigorou (ela confiava na sua invencivel capacidade de amar) e falou : o único transformador, o único alquimista que muda tudo em ouro, é o amor. o único antídoto contra a morte, a idade, a vida vulgar, é o amor. ela detestava a vida vulgar,os instintos rudes e apetites grosseiros que certas pessoas tentavam esconder por trás de imagens fake, por total falta de capacidade para amar. sim,ela havia permitido que a vulgaridade entrasse no seu espaço de entrega.isso já acontecera algumas vezes. mas agora não iria acontecer mais. ela não chorava. mantinha o costume apenas (que já já iria mudar, afinal ela se conhecia) de lamentar por aqueles que nada conseguiam enxergar, que tinham sobre si mesmo uma imagem tão mentirosa que só sabiam mentir, sem nenhuma outra alternativa.lembrou-se de quando era pequena, na escola, quando alguém era flagrado com comportamento humano hiper adulterado, as crianças falavam: ih abriram as portas do hospício. pronto, agora que escrevera, expulsara a melancolia.não apreciava a inércia ou o vazio que nada cria, só copia,não tem pulsação.apreeciava os loucos lúcidos que rompem com a demente dormência da maioria, esses sim.ela só acreditava em harmonia baseada em justiça e verdade. lembrou que ontem, antes de dormir, leu tolstoi afirmando: "em meu interior vive o amor à justiça e à verdade, mas ao mesmo tempo existe uma ira contida contra o que é falso e perverso. cada passo que dou na vida é uma luta contra a perversidade". são palavras que amo, comentara o seu mestre poeta e escritor.ainda bem que era capaz de sentir melancolia na dose certa, como alarme que apura o discernimento, era capaz de levantar-se e reagir.jamais iria fugir ou fingir não estar vendo a realidade.não era de seu feitio alimentar a ignorância nem a falsidade.muito menos nenhuma forma de alienante compaixão.


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