quinta-feira, 11 de junho de 2009

gosto de chuva também

chove, chove e faz frio no rio. e é feriado, de corpus christi. sinceramente e com todo respeito, não sei do que se trata. só sei que se tivessem entendido o que cristo pregou "ame ao outro como a ti mesmo" o mundo não estaria tão enlouquecido.nesta semana conheci muita gente linda e intensa, hoje estou quieta (está mesmo? pergunto eu).nas minhas involuntárias e pessoais andanças antropológicos esbarro com este conto, escrito com menos de dezoito anos ( o tempo tem a dimensão de números? pergunto eu), um conto....diria hoje: bem psicodélico, surreal...e como toda pesquisa antropológica que se preze, revelador.só sei de uma coisa: a minha casa interior continua aberta, sem paredes, sem trancas. e aqui vai o conto:uma casa como ela sempre desejara. completamente aberta. sem chave, sem teto, sem paredes. o chão de areia branca e macia era diretamente ligado ao mar. fora, um cavalo de olhos de vidro fosforescente, esperava calamandra, enquanto comia trevos e vagalumes. calamandra não estava só.vizinhos por todos os lados espremiam-se até lá no alto. ninguém conhecia calamandra de fato. “uma mulher comum, que dorme, come, trabalha e sobrevive” - era o que eles diziam.evitavam falar com ela, não permitiam que suas crianças brincassem com o cavalo de olhos de vidro. e os dias corriam e todos cumprimentavam-se sorrindo. e à noite, puxavam as cadeiras para a calçada e, à luz de antigos postes, liam novelas e fofocavam. certo dia calamandra cansou, abriu as asas e sentou numa nuvem negra de tempestade. a poeira que se levantou era tanta que as pessoas nem viram calamandra ali pertinho no céu.choveu uma chuva de penas luminosas.ninguém percebeu. um monte de guarda-chuvas abriram-se rapidamente. o cavalo de calamandra derreteu. ninguém notou. a terra absorveu os olhos de vidro fosforescente. no lugar brotou uma árvore gigantesca, cheia de folhas, flores e frutos. os vizinhos nem estranharam. comeram os frutos, fizeram fogo com sues galhos e enfeitaram seus lares com suas flores. a árvore expandiu-se tanto que tomou conta do povoado inteiro. seus ramos agora entravam no meio dos fios de luz elétrica e telefone. então, os moradores chamaram a prefeitura e podaram a árvore.nesse dia faltou luz a noite inteira. às 8 horas da manhã seguinte, as pessoas saíram de suas casas e foram trabalhar e estudar como sempre.a poeira ali era tanta que nem viram calamandra dançando no chão.choveu. guarda-chuvas abriram-se . a prefeitura podou uma árvore. faltou luz. hoje, no lugar onde era a casa de calamandra tem uma casa lotérica. com portas, janelas, teto e chaves. e números, muitos números. todos fazem suas apostas na esperança de um futuro sem economias.
o tempo avança e a fila anda e minha opção é sempre por qualidade e não quantidade.qualidade tem sempre o dom de gerar mais qualidade.o que não acontece necessariamente com números. fiquei na dúvida se era bobo ou meio presunçoso expor isso aqui.besteira, respondo eu, é verdade, fazer o que? é uma minoria mesmo que não coloca suas expectativas numa loteria, num poder que acham que vem do além.ah, escrevo sempre tudo em letras iguais pois não acredito em maiúsculo, ok? respeito, pra mim, é outra coisa.

Um comentário:

Luana disse...

wow
clap clap clap

bem Gabriel realismo fantástico seu conto, hein.

adorei

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